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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Ciência, conhecimento e política

"Percebemos que os académicos gostem do poder político, não conseguimos é entender como aceitam uma subordinação absurda a alguns indivíduos sem grande preparação intelectual, moral e cívica

A lógica é a moral do pensamento, assim como a moral é a lógica da acção”, mesmo num Estado laico, concorde--se ou não com Piaget.
Para os menos avisados, convém aqui esclarecer que por moral se deve entender bons costumes.
Ora, faz impressão que o poder político defina uma política de ciência, do conhecimento, com programas estabelecidos para os vários níveis de ensino, de investigação científica, pura e aplicada, com metodologias próprias e terminologias associadas, que revelam já um estádio de desenvolvimento sustentado e avançado, para depois adoptar uma “praxis’’, desprezando tudo aquilo que ele próprio ajudou a programar, e deixando tudo sem lógica, revelando um pensamento pobre, desarticulado, e criando um caos no pensamento daqueles que se prepararam para servir o país, e não a política e alguns políticos que fizeram da política a sua profissão.
Parece, pois, que alguns profissionais da política não estão talhados para respeitar uma acção com lógica, devidamente programada, depois de estudada, experimentada, avaliada, ajustada às necessidades que vão surgindo, fruto da evolução e do progresso da sociedade. Talvez porque os melhores, os mais bem preparados não começaram uma carreira política nas jotas, ainda adolescentes, sem tempo para o estudo e para a meditação, que são essenciais para atingir a maturidade social e política e ainda uma filosofia de vida de acordo com as características sociológicas do povo português. Talvez por isso não compreendam muito bem o povo que os elegeu e que eles se comprometeram a servir.
Daqui, talvez, uma explicação lógica para o “choque” do governo com a reacção do Presidente da República em relação aos fogos e mortes, numerosas, de cidadãos, que teve até necessidade de acrescentar que o povo é que estava “chocado”.
Ora, de facto parece-nos difícil alterar esta equação, apesar de não ter qualquer lógica e, inclusive, ser uma das razões pelas quais os melhores não podem ser “recrutados” para o desempenho de funções políticas, já que não estão “talhados” para fazer papel de faz- -de-conta, como alguns políticos com algumas licenciaturas, afastados à pressa...
Enfim, percebemos que os académicos, alguns bem preparados, gostem do poder político, não conseguimos é entender como aceitam uma subordinação absurda a alguns indivíduos sem grande preparação intelectual, moral e cívica, e, ainda por cima, para serem miseravelmente remunerados.
A autoridade não deve advir apenas de uma nomeação no Diário da República; deve, sim, corresponder a um grande conhecimento acerca de determinada matéria, um grande rigor académico, aliado a uma grande honestidade intelectual.
É de pessoas assim que o país precisa como seus governantes, como seus condutores, pessoas que ajudam os outros a ter uma vida melhor e um futuro mais promissor e feliz.
O desporto, como ciência do movimento, como estudo do ser humano, no plano físico, psicológico, antropológico e sociológico, dá-nos uma dimensão espantosa do ser humano, acrescentando-lhe a faceta lúdica e humanizadora, dando ao homem a liberdade de acção, num plano de total igualdade, com respeito, com humildade, com coragem, com camaradagem, com partilha de bons e maus momentos, mas sobretudo com respeito pela dignidade do ser humano, que desta forma está mais bem preparado para viver em democracia.
Não se nasce democrata, é preciso trabalhar muito, no plano pessoal, no aperfeiçoamento de qualidades e de potencialidades e no combate ao egoísmo e à indiferença em relação ao nosso semelhante, e lutar por uma maior igualdade social, combatendo as injustiças e protegendo os que mais precisam.
Aqui descobrimos a felicidade que é a democracia, mas a verdadeira, não aquela apregoada pelos nossos políticos, porque essa é, sim, a mediocracia."

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