"No dia 25 de Janeiro de 1942, nasceu, no bairro da Mafalala, Lourenço Marques, um português irrepetível, Eusébio da Silva Ferreira. A carreira futebolística do pantera negra é património imaterial da humanidade e ao cidadão Eusébio, que teve o mundo a seus pés, foi conferida honra de Panteão como morada eterna.
Eusébio nasceu nos idos do Império e foi como cidadão português que cresceu e demandou a metrópole, onde o esperavam fama e fortuna. Foi com a camisola das quinas que se cobriu de glória, tornando-se o primeiro português global do século XX; e teve o Estado Novo a usá-lo como exemplo de um país, multicultural, multirracial e multicontinental.
Com a independência de Moçambique, em 1975, poderiam ter-se levantado dúvidas a Eusébio. Porém, nunca vacilou nem em relação à sua condição de português, nem quanto ao carinho com que sentia a terra que o viu nascer e da qual foi embaixador.
Esta singularidade merece ser destacada no dia em que faria 75 anos. Eusébio é nosso, mas também é de Moçambique, na medida em que subsiste um elo invisível entre povos que durante séculos seguiam no mesmo trilho e que há mais de quatro décadas convivem e se respeitam, na soberania de cada um, como iguais.
O futebol é o instrumento mais eficaz para a aproximação dos povos da lusofonia, uma impressão digital de Portugal que ficou nos países que falam a língua de Camões, capaz de resistir ao tempo e ao modo. E Eusébio, tão vivo apesar da morte, é o porta-estandarte desta comunidade de afectos e emoções, construída em torno de uma bola de futebol..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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