"Quando as claques entram em campo nos dias em que não há jogo, é sinal de crise. Este é um fenómeno global, com mais incidência nos países do sul da Europa e América Latina, reflexo do mau desempenho desportivo de um dada equipa e, ao mesmo tempo, espelho da força das claques dentro dos clubes. Ontem tocou ao Sporting passar por essa via sacra, noutros tempos FC Porto e Benfica viveram situações semelhantes. E porquê? Essencialmente por não se ganhar e nisto o futebol é deveras impiedoso. Noutras áreas de actividade, o sucesso de um percurso não é medido de forma tão brutal como no futebol, onde os resultados ditam leis e contra eles não há argumentos.
Infelizmente, no futebol, as direcções não destituídas em função de análises frias e racionais, os treinadores dependem da bola que entra ou não entra e até mesmo os presidentes dificilmente resistem a fases negativas prolongadas. Esta avaliação essencialmente resultadista permite, também, que muita incompetência seja maquilhada e os negócios mais ruinosos passem por escrutínios amáveis, havendo até casos em que os adeptos ficam com a consciência tão anestesiada pelos triunfos, que abdicam de ser a massa crítica que faz evoluir as instituições. Para o bem e para o mal, a lei dos resultados - do golo e da bola fora, da fífia e do frango, do golo impossível e da jogada genial - continua pujante, a mandar mais do que qualquer outra.
Por tudo isto, a crise do Sporting, independentemente de méritos ou deméritos dos protagonistas, durará o mesmo tempo que durem os maus resultados. Porque o futebol não é dado a análises mais profundas..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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