"Rui Vitória percebeu as necessidades da equipa e leu muito bem o jogo em Vila do Conde. Para quem «não é treinador», não está nada mal...
Viagem para Vila do Conde
No domingo passado, como tem sido habitual, uma multidão de benfiquistas fez-se à estrada! Cerca de 340 quilómetros separam Lisboa de Vila do Conde, mas nunca foi a distância que impediu o acompanhamento permanente do Benfica, seja onde for!
Das duas vezes que parei, nesse mesmo percurso, fui sempre abordado por alguém que estava de passagem, na sua vida, sem ser para ir ver o Benfica.
Mas que não perdia a oportunidade para uma palavra de incentivo, de apoio, de encorajamento, de partilha dessa fé imensa, quase me mandatando para eu - em seu nome e na impossibilidade de estarem presentes, em Vila do Conde - os representar a todos no apoio à equipa.
Além desses, que não iam, mas que apenas queriam ouvir a certeza de que seriamos campeões - como se a humildade, sempre necessária, nisto de resultados, me permitisse dizer outra coisa que não o «vamos fazer tudo para que possamos festejar, este ano, o 35...» - as outras, as que iam para o jogo, vinham de todo o lado, percorrendo centenas e centenas de quilómetros, algumas delas muitos mais do que aqueles que eu percorri.
É impressionante aquilo que os (nos) move...
O sentimento de que, agora, nestes últimos jogos, nesta derradeira fase do campeonato, nestas (então) quatro finais que faltavam, seria necessário dar tudo cá fora, retribuindo o esforço dos que, no campo, nos representam e a quem exigimos que dêem, tudo, mesmo tudo!
Porque todos, sem excepção - os que vamos, sempre, como adeptos ou como dirigentes - não trocamos a família pelo Benfica!
Substituímos, durante umas horas, a nossa família mais pequena, por uma família com 14 milhões.
E no passado domingo não foi excepção...
Tudo pelo Benfica!
As chegadas da equipa... sem serem organizadas
A invasão de Vila do Conde foi igual às de Moreira de Cónegos, Paços de Ferreira, Bessa ou Coimbra.
Estádios cheios, tão infernais quanto o Estádio da Luz - apenas com a diferença, natural, decorrente das lotações mais reduzidas - fazendo-nos sentir que... jogávamos em casa.
Nas imediações, sobretudo nos momentos antes da chegada do autocarro do Benfica, largas centenas de pessoas, divididos entre os que esperavam esse momento, para ocupar os seus lugares, nas bancadas e os que, apesar de não terem conseguido bilhetes, fizeram questão de ir demonstrar o seu apoio à equipa.
Isto é o Benfica!
E por menos emotivas que sejam algumas pessoas, ninguém consegue ficar indiferente!
Costuma ser sempre assim, mas, esta época a onda vermelha está cada vez maior!
Em Vila do Conde «entre pinhais, rio e mar» (como diria José Régio) também foi assim!
A equipa foi recebida por milhares de pessoas, que tiraram parte do seu tempo para a esperar e a saudar, com palmas, cânticos, gritos de incentivo e um pedido especial... o 35!
Que recepção!
Que - ao contrário do que acontece noutros lados - nunca precisa de ser organizada, nem solicitada pelos técnicos aos dirigentes...
Percebido?
O jogo... ou como o Norte é vermelho
Mais uma final superada! Provando-se - uma vez mais - que o Benfica nunca tem jogos fáceis ou enfrenta equipas mais fracas...
Além de, por tradição, o Estádio dos Arcos ser uma deslocação sempre difícil, especialmente para o Benfica.
Como não se cansaram de repetir os arautos da desgraça, recordando que lá tínhamos deixado 3 pontos, também num momento chave do campeonato... o ano passado!
Nas bancadas, a emoção dos adeptos foi o espelho do querer existente no relvado.
Mais uma vez ficou evidente que o Norte é vermelho (e como isso lhes dói)!
No relvado, uma primeira parte bastante difícil, sobretudo pelas limitações que o Rio Ave desde cedo colocou.
Uma equipa bastante organizada, como já é recorrente, nas estratégias definidas por Pedro Martins.
Um jogo com um grande rigor táctico de ambas as equipas, que aumentou, exponencialmente, a intensidade com que se discutiu cada lance.
Embora, com todo o respeito que o Rio Ave me mereça, tenhamos sido os únicos a querer - e, reconheça-se, a poder - ganhar o jogo, sendo prova disso mesmo a falta de atrevimento e de capacidade para atacar dos nossos adversários.
Goste-se ou não, o Rio Ave preocupou-se, apenas, em tentar não deixar o Benfica ganhar a partida.
E, apesar da cautela com que entrámos no jogo, na segunda parte demonstrámos a nossa superioridade.
Um Benfica inteligente, sobretudo na intensidade que imprimiu ao jogo, e na maneira como encostou o adversário ao seu meio campo, de onde raramente saiu (talvez não quisesse, face ao que estava em jogo), que aproveitou bem as substituições, numa leitura perfeita das necessidades da equipa, nesses momentos.
O que, para quem «não é treinador», não é mau de todo!
Foi, assim, um jogo de esforço, de vontade, de raça, de querer e de ambição.
Com os pés bem assentes na terra, com a humildade que se impõe - uma das bandeiras de sempre do Benfica; e como eu já tinha saudades disto - a jogar como se fosse o primeiro e, ao mesmo tempo, o último minuto do campeonato.
Porque, não sendo superiores a ninguém, até se poder provar no fim de cada jogo, apenas nos podemos comprometer em lutar, muito, para que, juntos, alcancemos, sempre, a vitória, para que possamos atingir o nosso objectivo!
Por todo esse querer, e pela demonstração da grandiosidade da alma benfiquista, apenas temos que agradecer a todos e a cada um dos jogadores, que quiseram tanto a vitória de domingo.
Como eles nos agradecem, no fim de cada jogo, o contributo que sentem que todos e cada um de nós dá para cada vitória do Benfica!
Vamos levar a equipa ao colo
Agora, que ultrapassámos os escolhos que nos reservavam no Cabo das Tormentas de Vila do Conde, já só faltam 3 finais.
Amanhã, segue-se o Vitória de Guimarães, no antepenúltimo desses 3 jogos decisivos, num regresso a casa, de novo invadida até encher, como tem sido habitual, este ano.
A onda vermelha continua e, com ela, o colinho dos adeptos, incansáveis no apoio à equipa, um verdadeiro 12.º jogador (passe o lugar comum)!
Aqueles que conseguem criar um ambiente motivador e simultaneamente de grande pressão sobre a equipa adversária.
Aqueles que, para isso, tantas vezes se sujeitam a intermináveis filas para conseguir o bilhete que lhes dá possibilidade de apoiar a equipa.
Aqueles, ainda, que nos momentos mais delicados, nunca desistem, nunca esmorecem, e que carregam e empurram, literalmente, a equipa.
Os tais, os das largas centenas de quilómetros ou - ainda e tão só explicável pela paixão ao Benfica - os que fazem esses mesmos quilómetros apenas para apoiarem a equipa, apesar de não terem bilhete.
É esta união perfeita que temos que perpetuar até ao fim da época!
Para que, também dessa forma possamos dar uma grande resposta a todos os que não acreditavam!
Porque, para mal dos pecados deles, os nossos resultados não têm dependido apenas da estrelinha da sorte - e de campeão - de que tanto falam, mas essencialmente da capacidade da equipa e do apoio dos adeptos.
Na Luz, contra o Guimarães, como na Madeira, contra o Marítimo, ou, depois, novamente em casa, contra o Nacional, naquela que será a última jornada do campeonato, temos de continuar a empurrar a equipa!
Enquanto isso, continuaremos a assistir aos mais variados tipos de jogos psicológicos, uns com mais ruído do que outros - quase tão grande como aquele que fizeram com a garantia de participação na Liga dos Campeões na próxima época - numa clara e inegável tentativa de desestabilizar a equipa do Benfica.
Como se o que conseguimos alguma vez nos tivesse sido oferecido.
Não o foi agora, como nunca o foi.
E, nisso, são coerentes: nunca nos oferecem nada!
Ai se fosse o Benfica a jogar contra um adversário que se apresentou sem 10 (!) dos seus jogadores titulares... cairia, estou certo, o Carmo e a Trindade e lá voltaria ao Facebook a tese do defraudar da «verdade desportiva» (a deles, claro).
Esses mesmos que, curiosamente, querem o vídeoárbitro mas não conseguem justificar como ganharam na jornada anterior (a ideia de pôr alguém - que não consegue explicar nada - a explicar que não houve fora de jogo, num fora de jogo escandaloso, foi de gargalhada).
Porque cada vez mais tenho por certo que «quem só percebe de futebol, não percebe nada de futebol»!
Não é, Professor Manuel Sérgio?
Mas, por nós - e isso é que interessa mesmo - já só faltam 3 finais (ou talvez menos).
Vamos a isso, Benfica?"
Rui Gomes da Silva, in A Bola
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