"Secretamente, lá estarão, pois, Jesus e Rui Vitória a apostar algumas 'fichas' do amigo Conceição e no conterrâneo Peseiro.
Não é evidentemente a admiração de Sérgio Conceição por Jorge Jesus que vai jogar esta sexta-feira na Luz. O que vai jogar é o V. Guimarães que não vence há onze jogos e está, por isso, naturalmente mais ferido, e um conjunto de jogadores à procura de traduzir a tremenda alma do treinador e com aquele extra de motivação próprio do confronto com um grande, ainda por cima o líder que todos, pelo impacto e protagonismo, querem derrotar.
Não é evidentemente a admiração de Sérgio Conceição por Jorge Jesus que vai jogar esta sexta-feira na Luz. O que vai jogar é o V. Guimarães que não vence há onze jogos e está, por isso, naturalmente mais ferido, e um conjunto de jogadores à procura de traduzir a tremenda alma do treinador e com aquele extra de motivação próprio do confronto com um grande, ainda por cima o líder que todos, pelo impacto e protagonismo, querem derrotar.
Nesta fase do pouco competitivo mas muito emocionante campeonato português, é absolutamente normal o elevado nível da expectativa, pela ansiedade com que os candidatos ao título - Benfica e Sporting em luta titânica - esperam escorregadela de um ou de outro.
Claro que não é a admiração de Sérgio Conceição por Jorge Jesus - e até a amizade que os ligará - que vai jogar ao final da tarde de hoje na catedral encarnada. Mas é difícil ignorar a secreta esperança que terá Jesus de ver o antigo pupilo ser também herói verde e branco no final deste Benfica-V. Guimarães, que voltará a levar ao estádio das águias gigantesca moldura humana, permitindo ao Benfica ultrapassar o milhão de pessoas nas assistências, esta época, em casa. O que é fantástico!
E a propósito, seja qual for a equipa que vier a ser campeã, neste empolgante duelo Benfica-Sporting, celebrará, talvez mais do que nunca, um título com vincada assinatura dos adeptos. De um lado ou do outro!
Também não será a ligação de origem ribatejana de Rui Vitória e José Peseiro que vai jogar, este sábado, no escaldante FC Porto-Sporting, um daqueles jogos que pode não ter nada a ver com o campeonato, e quase nunca tem, no sentido em que as equipas nem sempre refletem o que estão a fazer na época. Pode o FC Porto não ter (e realmente não tem tido) futebol para este Sporting, mas tem jogadores com qualidade, camisola com história e estatuto com peso suficientes para, de repente, surpreender tudo e todos ao ponto de levar os analistas, como tantas vezes aconteceu ao longo dos anos, a questionar ao escreverem... mas por onde raio andava este gigante adormecido?!...
Claro que não deixa de causar alguma impressão a súbita derrocada da equipa portista, que acaba afastada da discussão do título mesmo tendo ganho, note-se, na casa do Benfica, agora o líder, e de só agora receber o Sporting.
Quer isso dizer que o FC Porto caiu exatamente onde não se esperava. E tombou fatalmente.
Na Luz, tirou o ribatejano José Peseiro o pão da boca ao ribatejano Rui Vitória (quando o FC Porto venceu por 2-1, em Fevereiro, na noite em que o Benfica de Rui Vitória talvez tenha feito o seu melhor jogo na Liga), e não deixaria de ser uma ironia que fosse agora o mesmo ribatejano Peseiro a devolver a felicidade ao ribatejano Vitória, caso este some esta sexta-feira o 10.º triunfo consecutivo no campeonato. Ironia ainda que fosse Peseiro, o mesmo que pagou a factura por ter perdido no Sporting o título de 2005, a contribuir, agora, do outro lado da barricada, para o insucesso do Sporting de Jesus na Liga de 2016.
Em qualquer dos casos, Jesus a apostar, portanto, algumas fichas em Conceição, e Vitória algumas no conterrâneo sangue de Peseiro, mesmo tendo em conta a ironia, sublinhe-se, de quem não ganha há onze jogos (o V. Guimarães) ou de quem tão profundamente desolado tem vindo a sentir-se (FC Porto) possa acabar por ter palavra tão decisiva na nobre discussão deste campeonato.
Mas não está o futebol tão cheio destas ironias?!...
Terrível ironia esta outra, aliás, que no regresso a um grande português, e logo ao tão estruturado FC Porto, tenha José Peseiro caído num alçapão de instabilidade e problemas que jamais esperaria quando, por norma, a oportunidade de treinar o FC Porto é fantástico argumento para o currículo e caminho aberto para o sucesso.
Na realidade, muitíssimo instável e problemático deve estar o cenário azul e branco para impedir que José Peseiro pudesse ter melhorado de algum modo o que Lopetegui deixou, com o risco (não vencendo a Taça de Portugal) de deixar para o legado da presidência actual o inédito período de três anos sem conquistar rigorosamente título ou troféu algum.
Ironia para as cores portistas, imagine-se, também esta ontem vista em Espanha... a de que possa o submarino amarelo do município de Villareal ter eventualmente, frente ao Liverpool, aberto a porta da final da Liga Europa pela mão de... Adrian Lopez (lembram-se?), o rapaz que custou os olhos da cara ao FC Porto e no FC Porto não foi mais do que um peso morto que os portistas muito lamentaram.
Agora do lado do Benfica, não deixa de ser igualmente irónico que o guarda-redes Júlio César e o capitão Luisão tenham deixado, subitamente, de ser os jogadores indispensáveis que ainda eram há pouco tempo e foram, sobretudo e por exemplo, na conquista do título encarnado da época passada. O pior que lhes poderia ter acontecido - e o melhor para a equipa encarnada, naturalmente - foi terem visto Ederson e Lindelof abençoarem Rui Vitória com o milagre da multiplicação. O milagre que este ano tem dado um jeitão ao Benfica!"
João Bonzinho, in A Bola
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