"As roulotes das bifanas já lá estão. Consigo ver os toldos e as filas de espera assim que saio do metro do Alto dos Moinhos. Passo por baixo da Avenida Lusíada e lá estão os mesmos vendedores de cachecóis de sempre, com as suas novidades para cada jogo. Os agentes da PSP orientam o trânsito, dão passagem aos peões e perpetuam a sinfonia de apitos, só interrompida pela buzina daquele condutor mais apressado que não quer ser apanhado na onda vermelha. É fácil identificá-lo: vai de cara fechada ao volante, reclama com quem anda pela estrada de camisola do SL Benfica vestida, apita e reclama com medo de tudo. Deve ser inveja. Deve ser sportinguista.
Subo a pequena encosta com bares ambulantes de cada lado da estrada. São já às centenas os Benfiquistas que comem qualquer coisa antes de entrar no estádio. Homens, mulheres e crianças de todas as idades. Lançam-se prognósticos, lembram-se noites míticas, combinam-se aventuras no Marquês.
Desço agora entre os novos prédios do Alto dos Moinhos, cada vez mais perto da Catedral. Numa segunda zona de roulotes, cumpro o ritual de sempre. No mesmo bar, peço a mesma cerveja e a mesma entremeada. Viro-me para a estrada, assisto a quem passa, enquanto termino a improvisada refeição. Há sempre alguém conhecido nas proximidades. Há sempre uma troca de palavras antes de cruzar a ponte e desaguar frente à estátua do Eusébio. Cá de cima, ouvem-se já os cânticos de quem se prepara para entrar. É dia de jogo. É dia de fazer mais três pontos e deixar os invejosos e trapaceiros cada vez mais longe daquilo que não conhecem há bem mais de uma década: o título.
Está na hora, Benfica!"
Ricardo Santos, in O Benfica
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