"Como convidado de honra para a inauguração do maior estádio do Médio Oriente, o Benfica faz a primeira viagem ao Iraque
'Eusébio-Benfica-Portugal: a «senha mágica» que abriu o «mundo árabe»', escreveu-se na imprensa da época. Após o Mundial de 1966 a fama de Portugal e de Eusébio tornara-se num verdadeiro 'abre-te Sésamo!', abrindo as portas ao mundo.
Coube ao Benfica a honra de inaugurar o Estádio Al-Shaab (Estádio do Povo) em Bagdade, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e projectado por dois arquitectos portugueses, Keil do Amaral e Carlos Manuel Ramos. Foram, também, vários os técnicos e operários portugueses que fizeram parte desta extraordinária obra, que custou cerca de oitenta mil contos.
Depois de uma viagem com bastante turbulência, devido a uma tempestade que assolou a Europa, a comitiva Benfiquista chegou exausta a Bagdade, às 4h da madrugada de 6 de Novembro de 1966, o próprio dia do encontro. Apesar do tardio da hora, tiveram uma acolhedora recepção.
Mais uma vez provou-se que a popularidade de Eusébio ultrapassava todas as fronteiras, pois foram vários os admiradores iraquianos que o abordavam. Foi-lhe inclusivamente recomendado que não saísse à noite sozinho, uma vez que poderia ser raptado. Estando na cidade de Ali Babá e os 40 Ladrões, Eusébio decidiu não arriscar!
Estava um magnífico dia de domingo, e desde manhã cedo o novo Estádio de Bagdade começou a receber uma autêntica multidão. Com capacidade oficial para 30 mil pessoas, suportou cerca de 50 mil! Foi um acontecimento extraordinário em ambiente de grande festa. Até as mulheres de várias individualidades da sociedade iraquiana, que por costume árabe ficavam recolhidas em casa, estiveram presentes e assistiram entusiasmadas ao desafio.
Apesar da actuação discreta dos jogadores Benfiquistas, resultado do cansaço da viagem, os esforços dos jogadores da selecção de Bagdade não foram suficientes para travar o ataque mais famoso da Europa, que venceu por 2-1, com golos de Torres e Cavém.
Após o desafio, houve uma cerimónia de recepção ao Benfica, na qual lhe foi oferecido um valioso serviço de café pela Federação Iraquiana de Futebol, que se encontra exposto na área 26. Benfica universal do Museu Benfica - Cosme Damião."
Ana Filipa Simões, in O Benfica
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