"Cada vez mais, vamos ouvindo entrevistas de treinadores e jogadores a responder por tu aos que os questionam. Uma espécie de espanholização do trato, a que não será alheia a quantidade de jogadores que falam castelhano e derivados sul-americanos.
«Vai usar a mesma táctica no jogo de domingo?», pergunta o jornalista. Responde o treinador, mesmo que perante um profissional jamais visto por ele: «Se tu pensares no adversário, dirás que não».
Por culpa de um língua que - ao contrário do democrático inglês you - teima em separar as águas no tratamento de outrem, entre o tu familiar, o você como genérico e o senhor ou senhora como distinção, esta prática linguística do futebol doméstico está a alastrar no meio. Confesso que me divirto, eu que até sou incapaz de tratar logo pela segunda pessoa do singular alguém que não conheça antes, seja graúdo ou miúdo.
Ao invés, não acho piada nenhuma à hoje comum expressão com vocês em vez de convosco. Não que esteja gramaticalmente errada, mas é esteticamente feia. Pergunto-me, também, se, um dia, não se passará a generalizar o com nós (até já ouvi com nóis...) em vez de connosco (que, no Brasil, se escreve conosco antes e depois do Acordo Ortográfico supostamente homogeneizador)?
Bem, entre nós e nozes, entre vós e vozes, por aqui me fico. Em futebolês: «o Bagão gostou de estar com vocês. Ou contigo. Ou convosco»."
Bagão Félix, in A Bola
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