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domingo, 5 de abril de 2015

A bola procura o craque

"Gaitán e Jonas: jogadores extraordinários! E aquele lance de Salvio? Por eles vale a pena ir ao estádio! E há a esperança da reconquista do título!

1. Neste Domingo de Páscoa há pouco futebol em Portugal e algum na Europa. O Real Madrid joga às nossas onze da manhã na busca dos seus adeptos do Médio Oriente, da Índia, do Paquistão, do Vietname, da Indonésia, da China, do Japão, do conjunto da Ásia. É o resultado de uma marca global. Às doze de Espanha é hora de jantar - ou princípio de noite - em muitas cidades, de megacidades daqueles territórios que são os novos consumidores das transmissões televisivas e, por consequência, das camisolas e outros produtos que acompanham as estrelas mundiais do futebol. E, ontem, sábado, à sua hora de almoço - uma menos um quarto da tarde - um Arsenal-Liverpool. São os novos mercados a determinar as horas dos jogos destas marcas. E  os novos horários exigem que haja encontros ao final da manhã na Europa. São os fusos a acompanhar o futebol. E com eles os novos clientes, os novos utentes, os novos consumidores. A força, do futebol!

2. Ontem, perante quase cinquenta mil espectadores - é obra! - o Benfica venceu, com toda a justiça, um Nacional que mostrou, principalmente após a hora de jogo, a qualidade da equipa e a valia de alguns jogadores. Mas a primeira parte do Benfica foi um misto de arte com toque de pragmatismo. E o terceiro golo do Benfica - e o segundo de Jonas - um momento de prazer. Como dizia um ditado popular parece que «a bola de futebol procura o craque». E no Benfica Jonas e Gaitán são mais valias. A bola procura-os. E eles procuram a bola. Como Gaitán fez no arranque da jogada do primeiro golo. Com eles, como uma vez disse o técnico francês Aimé Jacquet, «o futebol ensina simplicidade e autenticidade». E estes dois extraordinários jogadores proporcionam-nos momentos de qualidade e instantes de magia. Ou aquele lance de virtuosismo, e de fulgor individual, protagonizado por Salvio na parte final da partida. Por eles, vale a pena ir ao Estádio. Com eles após o triunfo da inspiração há segundos seguidos de felicidade. E com eles há a esperança da reconquista do campeonato. Objectivo central de todo o universo benfiquista!

3. (...)

4. Um árbitro, Fabrício Corrêa, disse um dia que «a carreira mais difícil é a de árbitro». Acredito que os árbitros portugueses escutam as constantes declarações e comentários do treinador do Futebol Clube do Porto com um misto de surpresa e de excesso de paixão. Sabemos que o «talento no futebol precisa de ser solidário». Seja o talento do jogador, seja do dirigente, seja do árbitro, seja do treinador. E quando alguém prega «sem ser ouvido» - ou sequer escutado - por não ter claramente razão, torna-se um solitário que nem parte dos que lhe estão próximos acompanham. Como disse Johan Cruyff, «eu divirto-me vendo futebol, mas há futebol que não me diverte». Com as necessárias adaptações começamos a sentir isso quando escutamos Julen Lopetegui nas suas conferências de imprensa. Antes ou depois dos jogos. E sentindo que anseia pelo regresso rápido de Jackson Martinez. De forma a acalmar todos os espíritos inquietos. Na antevéspera dos jogos da Liga dos Campeões e da visita ao Estádio da Luz. Na certeza de que, como disse um dia o técnico chileno Juvenal Olmos, um «técnico de futebol precisa de saber adaptar-se, quando fizer calor deve colocar um calção de banho e um abrigo no frio; aquele que gosta só de agasalho pode morrer de calor»!

5. (...)"

Fernando Seara, in A Bola

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