"Futebol, Financiamento e Formação, eis os três efes dos principais clubes desportivos de Portugal.
Numa paralelismo tosco com o Portugal do tempo da outra senhora, o Futebol bem pode continuar a ser interpretado pelo Futebol - afinal, está mais velho,sim, está diferente, mas conhece bem o papel e bem vistas as coisas continua a distrair muito boa gente.
Para o papel de Fado convoque-se o Financiamento. Mais do que uma distracção, tornou-se não só a pele do futebol como lhe assaltou o coração e tomou refém a mente. Loucos, apaixonados, devastados pelos fracassos amorosos (leia-se objectivos por cumprir) todos o olham como a salvação, como o caminho, como a fatalidade à qual não há como fugir. Boémio, vadio, o Fado promete boa companhia e consolo, mas quando vivido e não apenas cantado arrasta os seus dependentes para um mundo cinzento no qual, dizem, não dá para viver, não é possível competir com os gigantes dos outros países. O pior do Financiamento, como do Fado, é que um dia - e esse dia às vezes chega mais depressa do que se está à espera - é preciso devolver o que se levou. E sempre com juros. Sai caro...
Então e em que medida Fátima se deixa substituir pela Formação? Naquela em que Fátima e Formação são cada vez mais actos de Fé - outro efe. Por muito que a maior parte dos crentes venere a mensagem e o que de bom ela representa, a aplicação ao dia-a-dia jamais será fácil.
Nossa Senhora pediu que os portugueses rezassem um Terço todos os dias, pela paz no Mundo? «Pois, mas falta tempo», desculpa-se boa parte dos fiéis. É um pouco como a Formação - representa a Salvação - e a verdade é que mesmo com as selecções jovens a voltarem aos grandes palcos de forma consistente, não há nem regulamentos nem autorregulação capazes de afastar os clubes maiores do pecado mortal da gula..."
Nuno Perestrelo, in A Bola
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