"Em 1935/36 o Benfica sagrava-se Campeão Nacional. O treinador era húngaro, chamava-se Lipo Herczka e já tinha ganho em Espanha com o Real Madrid.
EM tempo de 33 vamos ao 1. Ou melhor: em tempo de 33 vamos até 35/36. Sim, porque para chegar a este número tão redondo de 33 Campeonatos ganhos, foi preciso começar por algum lado.
E o Benfica começou por 1935/36: é essa a época do seu primeiro título nacional.
Nessa altura o presidente era Vasco Ribeiro. E o treinador, um húngaro: Lipo Herczka. Herczka era conhecido pelo seu mau feitio. Já tinha sido campeão pelo Real Madrid. Pelo Benfica foi três vezes de enfiada. Depois viria a treinar também o FC Porto, mas sem tanto sucesso. Morreu em Montemor-o-Velho no dia 14 de Março de 1951. E lá está sepultado.
Dizem os velhos senhores da crónica de então que Herczka era um amante do Futebol bonito, de toque de bola, à húngara.
Na época anterior, o técnico do Benfica tinha sido Vítor Gonçalves, jogador de méritos, internacional por Portugal, pai do general Vasco Gonçalves, esse mesmo!, o da «Força, força companheiro Vasco/Nós seremos a muralha d'aço».
A época anterior também fora a da estreia do primeiro Campeonato Nacional, denominado I Liga. O Benfica não foi além do terceiro lugar, atrás do Sporting e do campeão FC Porto.
Mas as coisas estavam para mudar. E de que maneira.
Os primeiros Campeões foram estes!
LIPO Herczka chegou e o Benfica arrancou logo para três títulos consecutivos. Mas é o primeiro dos três que nos traz aqui.
Entra agora a lista dos campeões: Tavares foi o único guarda-redes utilizado. Depois: Gatinho, Valadas, Gustavo, Albino, Torres, Xavier, Rogério de Souza, Vítor Silva, Francisco Costa, Gaspar, Guedes, Cardoso, Domingos Lopes, Correia e Baptista.
Pois... Enquanto revêem as imagens da festa do Marquês e por aí fora, lembrem-se que estes fora os primeiros.
Valadas foi o melhor marcador da equipa: fez 12 golos. Seguiram-se Torres, com 9, e Vítor Silva com 7.
O Campeonato era disputado por oito equipas: 14 jornadas, portanto.
O Benfica foi Campeão com 21 pontos (44 golos marcados e 23 sofridos); o FC Porto segundo com 20; o Sporting terceiro com 18; Belenenses em quarto com 17. Seguiram-se por esta ordem: Vitória de Setúbal, Boavista, Carcavelinhos e Académica.
Vejamos, então, como decorreram as coisas. Na primeira jornada, o Benfica recebe o Vitória de Setúbal e vence por 5-3 nas Amoreiras. Em seguida vai às Salésias defrontar o Belenenses e perde por 1-3. Arranque titubeante. Até porque a terceira jornada dita um FC Porto-Benfica, no Campo do Ameal: empate 2-2. Nada de muito entusiasmante. Era preciso encarrilar vitórias. E surgem logo três bem gordas: em Coimbra, frente à Académica (6-2), no Campo Grande, frente ao Sporting (4-2), e nas Amoreiras, frente ao Boavista (8-2). A primeira volta fecha com uma vitória caseira às custas do Carcavelinhos (2-1).
O Benfica reata o Campeonato com um empate em Setúbal (3-3) e outro, nas Amoreiras, com o Belenenses (0-0).
É preciso reagir. E a equipa reage: goleia o FC Porto por 5-1. Segue-se um empate inesperado, na Tapadinha, à custa do Carcavelinhos (0-0). Finalmente duas vitórias que abrem os portões do título: ambas em casa, com a Académica e com o Sporting, e ambas por 3-1. Na última jornada, no Bessa, o empate frente ao Boavista (2-2) garante o primeiro título de Campeão Nacional aos 'encarnados'.
Outros se seguiram. Muitos outros. Precisamente mais 32..."
Afonso de Melo, in O Benfica
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