"Há um instante do jogo de Turim que definiu tudo: Amorim avançou cinco metros. Nem precisou de tocar na bola para decidir a eliminatória.
ERA adolescente quando comecei a ouvir a frase que ficou encostadinha aos meus tímpanos durante anos e anos: Nené é muito bom a jogar sem bola. Demorei a perceber o que era, exactamente, jogar sem bola, sobretudo porque via Nené a marcar golos atrás de golos, logo a jogar pouco sem bola e muito com ela. Mais tarde, claro, percebi. Era, no fundo, não precisar da bola para enganar um adversário, deslocar um outro ou abrir espaços na defesa para outros marcarem. Para mim, portanto, Nené passou a ser craque: marcava golos como poucos e, sem bola, era considerado um dos maiores. Lembrei-me dele (como se fosse possível esquecê-lo) há três dias, pouco antes das 22 horas de quinta-feira. Pirlo recebeu a bola sobre a esquerda e, instantes antes de a cruzar para a área, Pogba estava em jogo. Quem o colocava em posição regular? O Nené do século XXI: Rúben Amorim. Entre o momento em que Pilro recebeu a bola e a cruzou, passaram décimos de segundo: um, dois, três, não consegui contabilizar. Mas Amorim, apesar de cansado física e mentalmente, fez o que se tornaria decisivo: avançou cinco metros e colocou Pogba em fora-de-jogo. Na sequência, Osvaldo marcou, mas o 1-0 foi invalidado. Houve grande Oblak em Turim, houve enormíssimos Luisão e Garay e houve o movimento de Rúben Amorim, muito bem a jogar sem bola. É um exagero, claro, mas para mim Rúben Amorim é o Nené do século XXI.
(...)"
Rogério Azevedo, in A Bola
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