"Quando o tempo do futebolista foi naturalmente consumido e a sua obra inimitável o fez passar à condição de mito inapagável, Eusébio tornou-se referência de gerações, confundiu-se com o país. Há muitas décadas que o Pantera Negra é um fenómeno social, um nome que vai passando de voz em voz, a imagem que perdura na memória colectiva, a marca capaz de se sobrepor a uma sociedade que no seu tempo de maior fulgor profissional ainda pouco tinha de global.
Uma das maiores tentações de ontem foi fazer a projecção sobre o valor do futebolista Eusébio no jogo contemporâneo, comparado às estrelas planetárias que facturam ao minuto – trabalho inútil.
Para os heróis não há limites, cada um tem as suas virtualidades. Como os génios, são incomparáveis e bem dispensam a desfeita de juízos apressados. Resta à história calibrada pelo saber dar o seu veredicto, sabendo-se já que no caso de Eusébio ele é o King que foi resgatando os portugueses da sua endémica desconfiança.
Depois do luto, do respeito que é devido à família, há um trabalho para fazer, para além de alimentar o mito, fazendo reviver histórias antigas, eternas.
Eusébio deixa um património inconfundível ao futebol: a sua inigualável técnica de remate – o corpo que se inclina para a frente, a acumulação de energia logo descarregada brutalmente sobre a bola, a precisão quase infalível. Para além da literatura (pouca) que se foi publicando sobre os seus traços biográficos, falta estudar e dar à aprendizagem aquilo que verdadeiramente universalizou o nome de Eusébio: a técnica apurada de golear.
Quando o treino do futebol tende a especializar-se, o “remate à Eusébio” tem de ser estudado em todas as suas vertentes, fazer parte de um repertório técnico capaz de distinguir os melhores praticantes.
Caberá à universidade portuguesa – e no país existem faculdades com competências demonstradas na formação de alguns dos melhores treinadores do Mundo – e à Federação Portuguesa de Futebol o desenvolvimento de um projecto científico e técnico que permita criar a marca registada de um dos mais brilhantes jogadores da história. Que é português, nosso, para sempre."
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