"Foi miserável a «homenagem» a Eusébio na gala da FIFA. Trinta escassos segundos delineados à pressa e sem vontade por Blatter/Platini. Um somítico momento que revela a falta de carácter de quem assim age ou lidera. Tivesse sido um jogador francês (e não só) e tudo o resto passaria para segundo plano. Revoltante!
Mas voltemos à magia universal do nosso Eusébio. Recordo aqui um momento por mim vivido. Em Março de 1998 estive na Bósnia e Herzegovina, integrado nas Comissões Justiça e Paz da Igreja Católica. Estava-se no rescaldo da sangrenta e dolorosa guerra civil. Ficámos em Banja Luka, segunda cidade do país. Sem hotéis, destruídos ou fechados pela guerra, cada um de nós foi recebido em casa de famílias católicas. Coube-me um humilde 6.º andar, sem elevador activo, de um casal com idades perto da minha (tinha então 49 anos).
Nos três dias que lá estive, só à noite os encontrava. Como não sabiam falar outra língua que não fosse o servo-croata, os nossos contactos eram praticamente gestuais. Numa das noites, quiseram oferecer-me um chá. Enquanto a mulher o fazia, tentei encontrar um modo de me exprimir que fosse entendível. Percebi que ele gostava de futebol. Falei-lhe então de Eusébio. De imediato, o meu anfitrião repetiu «Eusébio» e abraçou-me entusiástica e comovidamente. Uma língua universal e um esperanto ali nascido nos uniram, como se já não houvesse obstáculos linguísticos. O chá quente veio reforçar o calor dos nossos corações irmanados através de Eusébio. A mesma religião nos fez juntar e Eusébio nos fez comunicar com alegria universal.
É isto que aquele vil dueto desdenha e nunca perceberá."
Bagão Félix, in A Bola
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