"Nos tempos sinistros do Apito Dourado as classificações dos árbitros eram, época após época, teimosamente marteladas ao sabor das conveniências do presidente dos ditos e do presidente de um clube que é há mais de trinta anos o clube-do-sistema-corrupto. Nesses tempos obscuros, nunca se ouviu a voz de um árbitro erguer-se no meio do nojo para exigir o fim de tamanha porcaria. Perdão. Ouviu-se a voz de Rui Mendes. E ele dizia a verdade. Se fizermos um esforço muito grande de memória, em que episódios do Apito Dourado se ouviu falar do famoso Senhor de Cócoras, agora firmemente agarrado ao cargo? Só mesmo no episódio da Escuta em que, mendigando bilhetes para um jogo, pudemos saber que o Madaleno só estaria disposto a encaixá-lo num daqueles camarotes pejados de juízes conselheiros de pacotilha se ele se pusesse efectivamente... de cócoras. De resto, o silêncio. O dele e de outros árbitros famosos e impolutos que se entretêm hoje em dia a escrever colunas de jornais criticando os erros que no seu tempo cometeram.
Pior ainda, tanto o Senhor de Cócoras como alguns desses ilustres e iletrados colunistas estiveram presentes em tribunal para aos costumes dizerem nada, contribuindo eles também, e de forma directa e indelével, para que tudo viesse a continuar na mesma porcaria de sempre. Com uma diferença: agora mandam. Ou melhor, fingem que mandam. Ou recebem como quem manda, obedecendo, obedecendo sempre e vergando a cerviz a quem os manda ficar de cócoras. No tempo sinistro do Apito Dourado onde andava esta gente?
Certamente a limpar o pó das cadeiras nas quais haveriam de se sentar. E sem nojo..."
Afonso de Melo, in O Benfica
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