"Apesar do limitado e quase ignorado espaço de que disponho, não conheço ninguém que se tenha batido com o empenho e desde há tanto tempo como eu pela centralização dos direitos televisivos dos clubes de futebol. Retomo o tema porque, na semana passada, houve n'A BOLA TV um debate sobre esta matéria em que intervieram os presidentes da Federação, da Liga e do Sindicato e no qual foram feitas duas afirmações que me intrigaram. A primeira de Fernando Gomes: «A centralização nunca deverá ser uma decisão por decreto, como em Itália. Aqui não funcionaria.» Acrescento e pergunto: também em França, foi uma decisão tomada por decreto, assinado pela então ministra Marie-George Buffet, e se nestes dois países e negociação colectiva é um êxito, porque não o haveria de ser em Portugal?
A segunda de Mário Figueiredo: «Há leis suficientes para punir os clubes que não cumprem as suas obrigações salariais e fiscais mas, na prática, não podem ser aplicadas.» Não podem ser aplicadas, porquê? Por falta de coragem ou algum impedimento real? Em Itália, sempre que a CO.VI.CO.C (Comissão de Vigilância para as sociedades de calcio), conclui que os clubes não têm condições materiais para honrar os seus compromissos, das duas uma: ou são despromovidos ou são impedidos de participar nas provas. E todos os anos acontece com vários clubes profissionais.
O futebol rege-se pela cartilha da máfia ou camorra. Simone Farina, defensor do Gubbio (Série B), que em 2011, denunciou a trama do Calciocommesse, foi durante meses um herói nacional, um símbolo do desporto limpo, Bola de Ouro da Honestidade da FIFA. Hoje não tem clube, é perseguido e vê-se obrigado a emigrar."
Manuel Martins de Sá, in A Bola
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