"Imaginemos o seguinte cenário: o Orçamento de Estado era votado no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, com entrada livre a todos os cidadãos nacionais portadores de BI ou identificação equivalente, podendo até entrar armados (com petardos, armas brancas, ou de qualquer outra cor), votando de braço no ar sobre questões técnicas complexas. O que aconteceria à Democracia portuguesa?
Ainda que mal comparado, é isso que se passa nalguns clubes desportivos, e a Assembleia-Geral da passada semana na Luz foi exemplo cabal. O Benfica tem 250 mil sócios. A esmagadora maioria, espalhada pelo País e pelo Mundo, não tem acesso (pelas mais diversas razões, entre económicas e logísticas) a este tipo de reunião, acabando por não se pronunciar, deixando ao arbítrio de alguns grupos organizados decisões demasiado importantes para serem tratadas de tal modo.
Se me perguntarem que solução adoptar para este problema, direi que não a tenho na manga. Mas julgo que seria altura de reflectirmos sobre o assunto, de modo a que o nosso Clube pudesse seguir o caminho que a maioria dos seus Sócios efectivamente deseja, e deixar de ficar exposto a minorias ruidosas, e de intenções nem sempre totalmente claras.
Não vou entrar em teorias abstractas acerca do sentido de uma votação sobre as Contas, que envolvesse, de facto, todos os sócios do Benfica. Mas sou livre de, enquanto tal, manifestar a minha maior desconfiança de que a reprovação formal que efectivamente sucedeu vá de encontro ao sentimento de muitos milhares de benfiquistas como eu - que, à distância, não puderam estar presentes.
Felizmente, para a eleição dos corpos sociais temos um sistema de voto electrónico que minimiza o problema. Caso contrário, a histórica Democracia benfiquistas - que, recordemos, precedeu, em muito, a do próprio País - poderia estar a entrar por caminhos perigosos e de consequências difíceis de controlar."
Luís Fialho, in O Benfica
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