"Durante duas semanas, os portugueses tiveram à disposição um curso acelerado de formação desportiva. Contudo, nota-se que os Jogos Olímpicos terão decorrido depressa de mais e que ainda serão muito poucos os habilitados a distinguir um caiaque de uma canoa, quando ainda ontem um jornal de referência se dirigia aos medalhados como os “rapazes do remo”.
Simbolicamente, a trégua olímpica decretada às nações do Mundo para interromperem a beligerância durante o período dos Jogos aplica-se ao meio desportivo nacional como aquele defeso sagrado em que nos fica bem a todos falar menos de futebol, sobretudo se, por um acaso, o reino da bola não estiver incendiado por uma polémica qualquer de trazer por casa – do tipo dos desabafos do cirurgião.
Mas todos sabemos que essa paz, além de podre, é passageira. À hora a que o Brasil sofria em Wembley mais uma réplica do Maracanazo, o capitão do Benfica, Luisão, um dos últimos jogadores preteridos da equipa olímpica, colocava-se no epicentro de outro abalo insólito que pode ter custos elevados para a nova época. Sem intenção, mas com uma agressividade excessiva, o brasileiro terá provocado um susto de desmaio a um árbitro alemão e agora o Benfica sujeita-se a sanções disciplinares com repercussões desportivas, para lá de ter atraído para si e para o futebol português mais uma etiqueta de péssima reputação.
E sobre este tema, sobre a indecência do Benfica e o caráter dos jogadores envolvidos e sobre a possibilidade de capitalizar um momento mau do rival, já os agentes se posicionam, garras de fora, sem o mínimo rebuço olímpico, consoante as conveniências. Como é tão mais fácil diferenciar a fidalguia do nosso emblema da desordem do adversário, do que distinguir um remo de uma pagaia. Acabou a trégua olímpica, vamos lá julgar o Luisão!"
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