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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Os Oliveira

"O poder da Olivedesportos no futebol é enorme, tem décadas, e cresceu por razões financeiras. A empresa fundada nos anos 80 pelos irmãos Joaquim e António foi o banco dos clubes, aumentando o domínio à medida que estes clubes se afundavam. E assim estabeleceram um monopólio e negociaram contratos incríveis, por exemplo nos direitos de televisão.

O que há de novo é uma entrevista explosiva de António à RTP, denunciando que Joaquim será o mandarete de todo o país futebolístico, dos árbitros aos selecionadores e presidentes de clubes.

As lutas entre irmãos, se tornadas públicas, são confrangedoras. Esta não é exceção. E é preciso perguntar o que passou na cabeça de António para este assomo de transparência, confissão e denúncia sobre uma empresa que ele próprio fundou com o irmão, numa proporção de 50%/50%, paridade que se desfez há uma década, depois da zanga.

Eis uma pista: Joaquim comprou a António a sua metade da Olivedesportos em 2002, num acordo que foi pago durante uma década. António Oliveira terá recebido dezenas de milhões de euros pela sua participação, é hoje um homem rico, e recebeu o último pagamento do negócio há alguns meses. Talvez seja coincidência, mas parece vingança tardia: calado enquanto recebeu os pagamentos de Joaquim, António falou quando o contrato acabou.

As denúncias de António Oliveira são medonhas, confirmando suspeitas e até notícias de muitos anos. Acontecerá alguma coisa? O futebol português é habitado por gente que vive de comissões clandestinas e que prospera em cima de clubes esfalfados. Se tudo o que António disse é verdade (e, como aqui escreveu Octávio Ribeiro num texto esclarecido, “Joaquim Oliveira é mais um negociador do que um ditador”), são muitos os nomes desta triste decadência; Joaquim é um desses nomes; António é outro."


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