"Quando era miúdo, os benfiquistas da minha criação usavam um lema particular para incitar a equipa e traduzir o seu próprio estado de espírito perante os desafios da competição: «alma, coração e genica: Benfica». Este lema, ao longo dos tempos, teve sucessivas versões. Chamaram-lhe «amor à camisola», trataram-na por «mística». Mas ainda hoje penso, cada vez com mais frequência, que o melhor que posso desejar para o meu Clube e para as cores da minha equipa é a velha «alma, coração e genica: Benfica». Acho que esta palavra de ordem traduz a pequena ou grande diferença que vai entre aquilo que se faz e aquilo que, mesmo que pareça impossível, será imperioso fazer, o salto em frente, o passo de gigante, o golpe de asa.
Trata-se da superação, daquilo em cada um, e um todo, como por exemplo uma sociedade, se supera, sobreleva, se excede e ultrapassa. A «alma» representa a força anímica, o «coração» significa o motor que faz circular os sentimentos e emoções, a «genica» é o combustível da entrega, da dedicação. E tudo isto por um objectivo, uma causa, um ideal: Benfica!
Talvez tudo isto seja um pouco ingénuo, num tempo tão globalizado e materialista, em que tudo tem um valor quantificado que não incorpora nem a «alma» nem o «coração» e em que a «genica» se estabelece por objectivos e se mede por tabelas de avaliação. Ou seja, um tempo sem alma e que começa a perder o coração. Porém, como para o Clube da minha alma e a equipa do meu coração quero sempre o mais alto, o mais longe e o mais além, vou retomar com urgência para mim, e aqui passo palavra a quem a queira adoptar, essa simples divisa da idade da inocência: «alma, coração e genica: Benfica»."
João Paulo Guerra, in O Benfica
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