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sexta-feira, 11 de março de 2011

Xistra, atribulações de um árbitro do regime

"SORTES diferentes para os dois Arsenais esta semana. O Arsenal de Londres foi gamado em Barcelona com a expulsão de Van Persie e o Arsenal de Braga foi beneficiado com a expulsão de Javi Garcia no jogo com o Benfica. No final dos respectivos jogos, o treinador do Arsenal de Londres atirou-se ao árbitro Massimo Busaca mas o treinador do Benfica nem sequer perdeu muito tempo a discorrer sobre o árbitro Carlos Xistra. Fez bem, Jesus.
Em todo o mundo os adeptos quando se sentem aldrabados tendem sempre a enveredar por teorias da conspiração.
Assim sendo, os adeptos do Arsenal de Londres justificam o insucesso alegando que está tudo feito de modo a que a UEFA faça o seu jackpot em Maio promovendo um Barcelona-Real Madrid a engalanar a próxima final da Liga dos Campeões.
Por seu lado, os adeptos do Benfica justificam o desaire em Braga alegando que, este ano, está tudo feito para que o Campeonato organizado pela Liga de Clubes mais não seja do que um edição comemorativa das absolvições em tribunal de todos os acusados do Apito Dourado.
Adeptos e teorias da conspiração à parte, do estrito ponto de vista da justiça do jogo, Jorge Jesus tem mais razões para lamentar de que Arsène Wenger. O Arsenal de Londres foi a Barcelona e em 90 minutos de jogo não fez um único remate à baliza - o seu golo nasceu de uma cabeçada infeliz de Busquets que desviou a bola para a sua própria baliza.
Já contra o Arsenal de Braga, o Benfica jogou muito bem na primeira parte, dominou facilmente o adversário, viu um lance de golo mal anulado a Jara, rematou à baliza adversária mesmo quando esteve reduzido a 10 elementos por toda a segunda parte. Isto para não referir a expulsão de Javi Garcia e, no mesmo minuto, a falta erradamente assinalada que motivaria o golo do empate dos donos da casa.
O presidente do FC Porto veio rapidamente defender o guarda-redes do Benfica de responsabilidades no insucesso da equipa em Braga. O que se compreende.
É preciso dar valor a quem o tem e fazer de Roberto o «culpado» é roubar o mérito devido a Carlos Xistra o que é, no mínimo, uma grande injustiça porque esteve impecável tendo em conta a situação.
Xistra, por exemplo, é um árbitro da situação. É um árbitro do regime e tem-se notabilizado por isso mesmo- Entenda-se por regime o estado a que isto chegou dentro e fora das quatro linhas, enfim, pelo país todo.
Vítor Pereira, por exemplo, não terá gostado do último trabalho de Xistra e deixou-o de fora na próxima jornada. Não se percebe bem porquê.
E como hão-de os árbitros aplicar com uniformidade os critérios, se o presidente dos árbitros não faz o mesmo? Na jornada anterior ao Braga-Benfica o mesmo Xistra deu um festival de disparates no Nacional-Sporting,recebeu nota negativa e, como prémio, foi nomeado para dirigir o jogo que acabaria com as pretensões dos campeões à renovação do título.
Agora, que o campeonato está entregue, o castigo a Xistra, a ida para a jarra, é um preciosismo desnecessário por parte do presidente dos árbitros do regime. Não se entende o que terá falhado na arbitragem em Braga para que o juiz mereça semelhante desconsideração.
É evidente que não pode haver arbitragens perfeitas porque o futebol vive do erro.
Mas também é verdade que se Xistra quisesse ter sido quase-perfeito teria de ter a sagacidade necessária para, no tempo de descontos, aí pelos 92 minutos do jogo, ter expulsado um jogador do Sporting de Braga. Um jogador qualquer, tanto fazia para o caso. E poder-se-ia dizer, para sempre, que apenas se tratou de um jogo com duas expulsões «polémicas», uma para cada lado. Entenda-se que o regime é democrático!
Foi o único pormenor que falhou.
Mas isto também já era preciosismo a mais.
LÊ-SE nos jornais que há gente com responsabilidades no Benfica que quer pôr fim rapidamente ao contrato com a Olivedesportos.
Eis um tema que já poderia estar resolvido há dez anos quando o Benfica desistiu da sua justa causa depois de o Tribunal da Relação lhe ter dado razão naquele histórico litígio que marcou o consulado de Vale Azevedo.
Foi, de facto, uma pena esse reatar incondicional de relações comerciais com a Olivedesportos depois de uma decisão judicial favorável às pretensões ao Benfica. A Olivedesportos, esse «FMI do futebol português», como tão bem e tão inteligentemente António Oliveira, numa entrevista recente, definiu a empresa do irmão.
Acontece, muito simplesmente, que o Benfica, muito antes de a Olivedesportos ser o «FMI do futebol português», detinha precisamente o mesmo estatuto porque era e é o Benfica, com a sua força incomparável em número de adeptos, quem sustentava e sustenta os mercados: o mercado da comunicação social desportiva, o mercado das transferências, o mercado das bilheteiras dos demais clubes, o mercado das transmissões televisivas e por aí fora...
E se ainda hoje é o Benfica que continua a sustentar todos estes edifícios não se compreende, à luz da razão e da aritmética simples, como foi possível entregar a terceiros essa posição invejável.
É, na verdade, incrível como é que o Benfica, que não perdeu o número dos seus adeptos e que, em linguagem modernaça e objectivamente comprovada, é a marca comercial mais forte do país, declinou a sua posição ímpar em favor dos interesses financeiros e desportivos da Olivedesportos ou de quem quer que fosse.
Ciclicamente, melhor dizendo, sempre que o Benfica sofre um desaire significativo - como o último de Braga que marca a entrega do título ao FC Porto -, os benfiquistas são informados através dos jornais de que as altas estruturas da SAD estão a equacionar o rompimento desta ligação contra-natura com a empresa de Joaquim Oliveira.
É evidente que no dia em que a Olivedesportos não tiver o Benfica na sua lista de famintos e agradecidos, deixará de ser aquilo que é. E que, nesse mesmo dia, o Benfica também deixará de ser aquilo em que, ao demitir-se voluntariamente do seu estatuto, se deixou transfigurar.
Que esse dia chegue em breve.
E, de preferência, de surpresa.
PINTO DA COSTA no Aeroporto. Para onde irá ele? Para Santiago de Compostela? De fugida até à Galiza? Não, senhor. Vai apanhar um avião para Moscovo. E, de fugida, fala aos jornalistas e diz: «O Benfica julga-se acima da Lei.»
Bonita frase proferida por quem não está acima da Lei.
E depois admiram-se que os Homens da Luta ganhem o Festival da Canção.
HOJE é dia de Liga Europa para três clubes portugueses e, com devido respeito pelo Paris Saint Germain e pelo CSKA, terá sido ao Sporting de Braga que calhou o adversário mais complicado. Isto se só ligarmos aos nomes e, não haja dúvida, os nomes em futebol têm muito peso.
Domingos Paciência, o treinador do Sporting de Braga, não se tem mostrado minimamente assustado com o nome do Liverpool a afirmou-o com convicção: «Se vencemos o Benfica podemos vencer qualquer um.»
É uma frase que merece uma análise rápida. Em primeiro lugar, registe-se a inteligência de Domingos Paciência reconhecendo ao Benfica uma forte qualidade como equipa.
Em segundo lugar, registe-se na mesma frase a falta de humildade de Domingos Paciência que, no que respeita ao triunfo sobre o Benfica, não admite partilhar com ninguém.
Nem com o árbitro Carlos Xistra nem com o fiscal-de-linha José Cardinal que, imbuídos do mesmo espírito com que se apresentaram em Braga, tanto jeito dariam hoje ao mesmo Braga no jogo com o Liverpool."
Leonor Pinhão, in A Bola

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