"APÓS UM LONGO PERÍODO FORA DAS OPÇÕES,
JOSÉ BASTOS APROVEITOU UMA OPORTUNIDADE INESPERADA PARA
SE FIXAR ENTRE
OS TITULARES.
Num plantel de 25 jogadores, só 11 pisam o relvado
de início. Os outros esperam, entre a fé e a frustração, que chegue a sua hora.
Mantêm o corpo em forma e
o espírito sereno, porque sabem
que a oportunidade não avisa.
A esperança é chama e sombra:
tanto inspira como inquieta.
“Quando voltarei a jogar?” A pergunta ecoa no silêncio dos dias.
Mas os grandes atletas não
desesperam. Trabalham no escuro, longe dos holofotes e dos
aplausos. E, quando o momento
chega, agarram-no com alma
para não mais o soltarem.
José Bastos teve um início de
carreira de sonho. Começou
a jogar futebol como federado ao
serviço do seu clube do coração, o
Benfica. Distinguiu-se nos vários
escalões de formação e estreou-
-se oficialmente pela equipa de
honra frente ao Lusitano, na 21.ª
jornada do Campeonato Nacional
1949/50. Nessa época, sagrar-se-
-ia campeão nacional como titular da baliza dos encarnados.
A temporada terminou de forma
épica, com a vitória na Taça Latina. Nos anos seguintes, consolidou-se como uma verdadeira
muralha, tornando-se indispensável nas redes benfiquistas.
Contudo, com a chegada de
Costa Pereira, o seu lugar passou
a estar em risco, até que o perdeu
para o novo companheiro de
equipa. Bastos passou para um
lugar que todos os jogadores
temem: o de suplente. No final
da temporada 1955/56, parecia
remetido a terceira opção, en -
quanto o jovem Sebastião era
testado num amigável frente ao
Flamengo, para definir quem
seria o número 1 dos encarnados
na disputa da Taça Latina.
Numa tarde de infelicidade, o
guarda-redes sofreu dois golos
comprometedores e foi substituído por Bastos. O guardião entrou
e exibiu-se com uma segurança
impressionante: “Pareceu-nos
senhor de si próprio, dominando
bem a situação. Oportuno a sair,
feliz num ou noutro lance e uma
defesa de grande valor, em voo e
a soco, a safar o tiro de um livre
de Rubens.” No final do jogo,
Bastos saiu do relvado com um
sorriso rasgado. “Há praticamente duas temporadas que estava
afastado do primeiro team […],
esperei sempre uma oportunidade como esta. Confesso, porém,
que às vezes desanimava… Hoje,
sinto-me tão feliz como se me
tivesse saído a sorte grande.”
Otto Glória confirmou: Bastos
seria o titular em Itália. O guarda-redes correspondeu às expetativas e, apesar da derrota nas
meias-finais frente ao AC Milan,
esteve irrepreensível. No jogo de
atribuição dos 3.º e 4.º lugares,
o Benfica ganhou ao Nice por
2-1, e Bastos foi um dos heróis do
encontro. Com uma estupenda
exibição, deixou a imprensa
radiante, considerando ter sido
o jogo da sua vida. Impulsionado
por estas prestações, foi indiscutível na temporada seguinte,
contribuindo com as suas defesas para que os benfiquistas
ganhassem o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal.
Saiba mais sobre este fantástico jogador na área 22 – De
Águia ao Peito, do Museu Benfica
– Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica

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