"O Sporting é a melhor equipa do campeonato até agora, com larga vantagem ao nível do rendimento, maior que nos pontos, o que vale de pouco, mas deve ser assinalado. Com outro resultado no clássico da Luz frente ao Benfica, que esteve perto de acontecer não fosse, principalmente, a expulsão de Inácio, teríamos os leões bem lançados para o título. Só que não. E no futebol valem os pontos, pelo que a equipa de Rúben Amorim terá de demonstrar a cada semana que é melhor que as outras, se conseguir continuar a ser. Ontem, diante do FC Porto foi, claramente.
Bem pode Sérgio Conceição querer iludir-se, bem podem as análises insistir na apetência estratégica do treinador do FC Porto (que não é mentira, embora louvada em excesso), mas a equipa portista tem estado longe do rendimento exigível, perdeu todos os jogos em que não era favorita esta época e a superioridade do Sporting no clássico de ontem não pode sequer ser relacionada com a expulsão de Pepe. O Sporting foi sempre melhor, também enquanto houve onze contra onze e a exibição dos dragões nunca ultrapassou a barreira do sofrível. O FC Porto defendeu mal – com opção quase suicida nos homem-a-homem de Pepe com Gyokeres após os pontapés de baliza do Sporting –, perdeu muitas bolas em construção e muito poucas vezes foi efetivamente perigoso. Esteve muito perto de perder por mais.
O fator Gyokeres não pode ser menosprezado. O sueco foi um achado e Rúben Amorim passou a ter o que teimosamente andou a insistir que não lhe fazia falta: um ponta de lança a sério. E este é a sério em tudo: no impacto físico, na qualidade técnica para o perfil que tem, na velocidade para ser profundo, na frieza para finalizar, na entrega sem limite. É claramente o melhor jogador do campeonato até agora, falta saber se ainda cá estará após o réveillon, na linha do que aconteceu com Luís Díaz ou Enzo Fernández, em casas rivais e anos recentes. Com a CAN a levar Diomandé (em que central magnífico se transformou já o marfinense) e Geny Catamo (jogador de grande, já não há dúvida), o Sporting bem precisa de uma gestão cirúrgica em janeiro para não ver gorar de modo frustrante uma época que promete como poucas.
Já o Benfica teve uma ressurreição anímica em Salzburgo que parecia improvável e que o fez, por arrasto, chegar também à vitória em Braga. No confronto entre duas equipas que defendem com óbvias deficiências, não apenas de transição mas de organização defensiva propriamente dita, ganhou a que tem as melhores unidades no setor recuado, para mais assente num guarda-redes de topo e já muitos furos acima do anterior dono da baliza. Roger Schmidt esteve mal no processo de saída de Odysseas, mas mudou para muito melhor, e bem precisava. O Sporting de Braga é principalmente uma equipa de coragem, que nunca se entrega, mas faz de cada posse de bola um ataque, a menos que essa vertigem identitária seja temperada por homens de clarividência como Al Musrati ou Pizzi, que não jogaram. Houve João Moutinho, ainda em muito bom plano, mas não foi suficiente, porque falta alguma criatividade coletiva nos momentos com bola leva à repetição de gestos de ataque que os adversários vão percebendo. Água mole em pedra dura nem sempre fura. O Benfica podia ter resolvido o jogo antes e acabou por ser feliz, o Braga entrou mal mas bem podia ter chegado empate. Ainda assim, o jogo de Braga, somado ao do dia seguinte em Alvalade, ajuda à conclusão de que a liderança de fim de ano é justa. A equipa mais completa até agora é mesmo o Sporting, mas maio vem longe e aqui chegados, continua a haver quatro emblemas com autorização para sonhar. A qualidade pode melhorar, mas a competitividade está garantida."
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