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quinta-feira, 7 de abril de 2022

3 campeões que foram esquecidos | SL Benfica


"Recordas-te do nome de algum destes 3 campeões encarnados?

A mística do SL Benfica, ou a mística benfiquista, é uma expressão que ficou imortalizada até aos dias de hoje e que começou a ganhar o seu verdadeiro significado a partir dos anos 60, durante o apogeu europeu dos encarnados.
Jogadores como José Águas, Mário Coluna, Eusébio, António Simões, entre outros, eram vistos como os verdadeiros símbolos do SL Benfica na altura e aquilo que representavam para o clube. Vontade de vencer, raça e o amor à camisola que envergavam.
Esse sentimento passou a ser um mote para as décadas seguintes e todos os jogadores que assinassem pelas águias, teriam de aprender o que era a mística para começarem também eles a sentir a responsabilidade do que era representar um dos melhores emblemas da Europa.
Nos anos 70 e 80 apareceu uma nova geração de jogadores que também ficaram associados à verdadeira mística benfiquista. Alguns desses nomes foram Humberto Coelho, Toni, Shéu, Veloso e Chalana. Esses tempos também foram de glória e só na década de 70 o SL Benfica conquistou seis campeonatos.
Mas será que todos esses campeões, que se entregaram de corpo e alma ao clube, ainda são lembrados? O que a história nos diz é que também existiram atletas que representavam esse espírito de entrega mas que mereciam ter mais destaque na história do clube.
Vieram os anos 90 e com eles uma mudança de paradigma no futebol europeu, ao deixar de existir limite de estrangeiros nos onzes iniciais das equipas. O desporto rei entrava assim numa nova era e a cotação dos jogadores começou a subir em flecha.
Foi a partir daqui que começou também a discussão em torno dos ordenados chorudos que as grandes estrelas recebiam por representarem as suas equipas.
O futebol começou a transformar-se num negócio, as transferências passaram a ser mais frequentes e por valores cada vez mais altos, com os atletas a permanecerem menos tempo nos clubes onde começavam as suas carreiras. Uma situação que pode perfeitamente levar ao esquecimento de um jogador por parte do clube que o formou.
Essa mudança apanhou também o SL Benfica, que a partir do final dos anos 90 e até aos dias de hoje, já contratou jogadores que não sentiram o peso do manto sagrado e foram para a Luz apenas dar uns pontapés na bola e receber o seu ao final do mês.
Não é por acaso que ainda hoje se discute que a mística do SL Benfica desapareceu. Mas evidentemente que há excepções e Luisão é um desses exemplos. Contratado em 2003, o defesa brasileiro esteve praticamente toda a carreira de águia ao peito e deu tudo pelo clube.
Diria até que foi dos últimos a sentir realmente o que é a mística benfiquista. Ainda mantém ligação com o SL Benfica dentro da estrutura encarnada mas obviamente que será sempre um jogador lembrado até à eternidade quando abandonar definitivamente o clube.
Desde a sua fundação, muitos foram os jogadores que “cresceram” no SL Benfica, que suaram a camisola e ajudaram o museu dos encarnados a ficar mais recheado. Mas será que todos esses campeões foram ou são lembrados pelo clube? Eis três exemplos daquilo que escrevi nos parágrafos anteriores.

1. João Pereira
Formado no SL Benfica, João Pereira estreou-se em 2003 pela equipa principal das águias com apenas 19 anos de idade, mas foi em 2005 que se viria a tornar campeão nacional, pela mão do técnico italiano, Giovanni Trapattoni.
Durante os festejos desse campeonato, o antigo defesa direito dos encarnados disse que seria o primeiro de muitos ao serviço do SL Benfica. No entanto, realizou apenas mais meia temporada antes de se transferir para o Gil Vicente FC em 2006.
Foi para o SC Braga onde esteve duas épocas e meia e em 2009 mudou-se para o grande rival da segunda circular, o Sporting CP, que representou durante três períodos, 2009-2012, 2015-2017 e 2021. Terminou a sua carreira o ano passado em Alvalade, assumindo o verde como a cor do seu coração, mas foi na Luz que marcou mais golos durante toda a sua carreira, num total de sete.
A sua ligação com o SL Benfica foi-se deteriorando ao longo do tempo, com o clube encarnado a nunca fazer questão de lembrar o seu ex-jogador, mesmo que este tenha “nascido” na sua formação. João Pereira também já lançou farpas ao SL Benfica no passado, chegando mesmo a afirmar em 2009 que foi dispensado da Luz e que ninguém o avisou. Esta relação de indiferença entre os dois já vem de há muitos anos e parece que é para durar.

2. Vítor Martins
Mais conhecido no mundo do futebol como Garoupa, Vítor Martins fez toda a sua carreira com a camisola do SL Benfica. Era um médio com uma grande qualidade técnica e por alguma razão esteve dez épocas na Luz. E só não esteve mais porque um problema de saúde o obrigou a terminar a carreira mais cedo.
Partilhou o balneário com alguns dos maiores nomes da história do SL Benfica, entre eles, Eusébio, pois apanhou a geração da década de 60 e o início da geração de 70. Conquistou seis campeonatos e não se percebe muito bem porque não se fala muito em Vítor Martins.
De águia ao peito, marcou 28 golos e foi ele o autor do 3000.º tento dos encarnados em toda a história do Campeonato Nacional. Pode não ser um nome sonante para os adeptos benfiquistas mais novos mas foi um jogador que representou a verdadeira mística do SL Benfica mas que nunca teve o devido reconhecimento.

3. Abel Silva
Chegou a ser apontado como o sucessor de Veloso no lado direito da defesa encarnada mas nunca se conseguiu impor em definitivo na Luz. Foi para o SL Benfica em 1984 ainda em idade de adolescente e foi lá que se fez homem para o futebol.
A estreia no campeonato com a camisola principal das águias aconteceu na época 1988/1989 e mesmo com apenas dois jogos realizados, sagrou-se campeão nacional. Ingressou depois no FC Penafiel em 1990/1991 e rumou à Madeira em 1991/1992 para representar o CS Marítimo, tendo regressado à Luz na temporada seguinte.
Voltou a ser campeão nacional em 1993/1994, a época mágica dos 3-6 em Alvalade, e fez 18 jogos. Foi o seu melhor momento de águia ao peito antes de abandonar novamente a Luz para nunca mais voltar, terminando a carreira em 2001.
Foi ainda um dos heróis de Riade em 1989, ao marcar o primeiro de dois golos com que Portugal derrotou a Nigéria na final do mundial de sub-20. Abel Silva fez parte da chamada geração de ouro do futebol português e é o único ex-jogador encarnado que se pode gabar de ter sido campeão mundial e ter conquistado dois campeonatos ao serviço do SL Benfica.
Um feito que podia ter mais consideração por parte do clube lisboeta mas raramente o nome de Abel Silva é lembrado."

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