"“Um Benfica competente” – foi assim que Ricardo Soares descreveu a exibição das águias, num jogo bem disputado, tática e tecnicamente. As águias conseguiram sair de Barcelos “sem galos na testa”, mas tiveram de suar para conquistar os três pontos.
Desde o início do encontro que o Gil Vicente se preocupou em controlar a largura do 3-4-3 do Benfica. Nestes sistemas, onde não há laterais ou extremos, mas sim uns “intermédios” alas, fica sempre a dúvida à priori de como o adversário conseguirá garantir o controlo da largura. No caso, Ricardo Soares optou por colocar os extremos de olho em Gilberto e Gil. Mesmo por dentro, também foi complicado para o Benfica penetrar, fruto da boa organização defensiva dos gilistas. O 0-0 ao intervalo espelharia bem o equilíbrio do encontro, no qual o Gil Vicente não se coibiu de bater o pé aos encarnados, procurando também ter bola e atacar a defesa contrária.
A busca pela vitória obrigaria Jesus a mexer na segunda parte: João Mário deu novamente maior segurança na manutenção da posse, ao contrário de Taarabt, que continua a oscilar entre lances de génio e perdas infantis que expõem a equipa; Grimaldo substituiu um desinspirado Gil, conseguindo criar mais desequilíbrio na estrutura do Gil Vicente. Puxando dos seus trunfos, o Benfica conseguiu ser variável o suficiente no encontro para criar mais problemas ao conjunto de Ricardo Soares, começando a criar perigo através de cruzamentos. O Gil Vicente responderia a tal com a mudança para um 3-4-3, que se mutava em 5-4-1 no momento defensivo, o que, à partida, permitiria controlar melhor a largura.
Contudo, o desgaste na partida começou a fazer-se sentir e as associações curtas do Benfica por dentro perfuraram o bloco dos minhotos. Nesse período, destaque não só para João Mário, mas também para Gonçalo Ramos – a forma como ataca o espaço em movimentos de rutura ou como deriva para o meio quando com bola para tabelar, criou vários desequilíbrios no adversário. A insistência levaria o Benfica a fazer dois golos já nos minutos finais, por intermédio de Veríssimo e Grimaldo.
Destaques individuais:
Meïte – parece um touro “amarrado”. Consegue explodir em condução, mas terá eventualmente indicações para se fixar como médio mais defensivo. Seria interessante vê-lo alternar num vai/vem constante com o seu parceiro de setor.
João Mário – imprescindível num meio-campo a dois, pois consegue dar garantias com e sem bola. Não sabe jogar mal e gere os ritmos do jogo como ninguém.
Veríssimo – mais uma exibição muito sólida, à imagem dos seus colegas de setor. No entanto, foi ele que desbloqueou o marcador, somando já dois golos esta época.
Darwin – é altamente limitado tecnicamente, pelo que pedir-lhe que jogue na meia esquerda, quando à partida o espaço já será reduzido, torna-lo-á ainda mais desconfortável. Neste 3-4-3, seria curioso vê-lo jogar como referência, com apoios mais próximos a servi-lo.
Everton – não consegue desequilibrar e soma várias perdas de bola. A paciência dos adeptos está a terminar. Poderá tornar-se, nos próximos tempos, um caso flagrante de falta de adaptação ao futebol europeu, principalmente se nos recordarmos daquilo que fez no Brasil."
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