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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O dia em que a bancada deu o show


"Há as grandes jogadas e os grandes jogos, os grandes golos e os hat-tricks, os títulos e os festejos – e houve estas eleições para os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica. Quase 40 mil votantes, pulverizando todas as marcas anteriores, a meio da semana e da mais grave crise de saúde pública das nossas vidas, é um golo do meio da rua de Eusébio, um slalom do Chalana, um passe de 50 metros do Rui Costa. Por todo o país, com a data a ser antecipada em cima da hora por força das limitações de movimentos impostas pelo governo, este 28 de Outubro encheu qualquer benfiquista de orgulho.
Nestes estranhos dias em que a equipa joga para um estádio vazio, houve casa cheia nas urnas. Nestes dias em que todos temos de viver a devoção aos nossos clubes em privado, houve demonstração pública, colectiva, do que é, de facto, um clube de futebol: as pessoas, a paixão, a causa comum. E mais: pelo enorme exemplo de civismo dado, os benfiquistas mostraram como é possível e urgente o regresso dos adeptos aos estádios.
Com estes números e esta demonstração de interesse e empenho, não restam dúvidas sobre os resultados: Luís Filipe Vieira foi eleito por uma clara maioria que, este ano, não se podendo queixar de falta de alternativas, acorreu a expressar a vontade de reconduzir esta direcção. Entre a enorme afluência de gente às urnas estavam muitos que quiseram expressar a vontade de mudar? Sem dúvida. Mas de muitos mais ainda que quiseram expressar o receio dessa mudança, fundamentalmente negativa, sem projecto particularmente consistente.
Vieira, escolhido por mais sócios e mais votos do que qualquer Presidente antes dele, foi, necessariamente, o grande vencedor. Mas também Rui Costa, chamado a número 2 da direcção e quase formalmente apontado como candidato à sucessão, Domingos Soares de Oliveira e demais responsáveis pela trajectória de recuperação e crescimento do Benfica ao longo dos últimos 17 anos e que os sócios entenderam que não podia ser atirada pela janela.
Mas João Noronha Lopes também foi, de certa forma, um vencedor. Foi o primeiro, nestas quase duas décadas, a conseguir construir uma candidatura alternativa credível e a ameaçar a liderança de Vieira. Reuniu uma série de adeptos influentes na opinião pública e congregou, nas últimas semanas, o apoio do Movimento Servir o Benfica. Deu voz às críticas mais prementes, mas não foi especialmente convincente, inovador ou sequer esclarecedor quanto às suas próprias propostas. O Benfica mediático mobilizou uma certa burguesia benfiquista, mas, como sempre, triunfou o Benfica popular. O Benfica que merece um projecto maior do que ser, simplesmente, anti-Vieira.
Quanto a Rui Gomes da Silva, os números alcançados, pouco acima dos votos brancos, devem fazê-lo retirar as devidas conclusões.
Agora, é tempo de voarmos todos para o mesmo lado, para quatro anos que encham de orgulho os muitos milhares que esperaram horas na fila, assumindo riscos para a sua própria saúde, para votarem para o seu Benfica. O nosso, o único.
À direcção que vai tomar posse pede-se que una a família e lidere, prepare o futuro e não se contente com as conquistas de mandatos anteriores. E aos adeptos que apliquem agora para fora o vigor demonstrado nestes meses nas críticas para dentro. Há um tempo para tudo e agora o tempo é de construir, unir, avançar. Porque querer ganhar tudo, de cada jogo de futebol a feijões às modalidades, todos queremos. Sempre. Mas estaremos certamente mais perto de o conseguir se tivermos paz.
Por tudo quanto já fez pelo clube, Vieira tem o seu lugar assegurado na História do Benfica. Cabe-lhe agora gerir este mandato com elegância, serenidade e sentido de responsabilidade para com o clube e para com o futuro.
Queremos promessas cumpridas e críticas tidas em conta. E sim, vamos exigir essa taça europeia. 
Benfica, sempre."

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