"Rúben, não te chamo de capitão porque acredito que essa alcunha ainda pertence ao Luisão, no entanto, sinto que poderias perfeitamente ter escalado essa mesma montanha da liderança se por cá continuasses. Achava eu que estava num bom caminho para superar a derrota com o PAOK, e agora percebo que, naquele dia, quanto o árbitro apitou para o final da partida, não estávamos a perder apenas a entrada na Liga dos Campeões. Ali, perdíamos-te também a ti. A tua saída custa pela tua qualidade, claro. Qual é o empreiteiro capaz de construir um muro de betão com pernas da noite para o dia? Tu próprio demoraste 10 anos até saíres da fábrica do Seixal. Eu estava lá em 2017, no Bessa, quando te estreaste ao lado do Luisão. Qualquer benfiquista atento sabia que o futuro daquele número 66 estava condenado ao sucesso. Três anos depois, aí vais tu, a caminho do melhor campeonato do mundo. Enfim, compreendo a diferença entre visitar Old Trafford, Anfield Road ou o St. James Park às 15h00 de um sábado e o Estádio dos Arcos ou o nevoeiro da Choupana às 21h00 de um domingo.
Percebo, mas o desgosto de te ver partir é complicado de consentir. O mais difícil de aceitar é o facto de saber que levas contigo um pedaço do Benfica. Quem vai explicar aos uruguaios, brasileiros e argentinos e significado da palavra mística? Não eras o único mensageiro, eu sei, mas eras a garantia de que a mensagem seria transmitida a cada cara nova durante uns bons anos. O bater no símbolo, a voz de comando, os golos festejados com a mesma euforia de um comum adepto. Entraram quase 70 milhões de euros nos cofres, e, ainda assim, sinto que ficámos mais pobres."
Pedro Soares, in O Benfica
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