"Que marketing e comunicação se pretende
A gestão de uma organização desportiva, não é muito diferente da gestão de uma outra qualquer organização, como já foi referido, mas temos de ter em consideração que o aspecto emotivo, a paixão, e o vinculo sentimental está mais presente nos consumidores que denominamos de adeptos ou simpatizantes do que noutras áreas de consumo. E, é este aspecto que marca a diferença entre o modelo europeu e o americano, onde este último assenta o seu foco no espectáculo, proporcionando entretenimento e criando conteúdos e experiências inesquecíveis para os seus adeptos.
Como muitas vezes acontece, um pouco de paixão e emoção aliada ao espectáculo seja a receita de um bom espectáculo desportivo, e esse deverá ser o foco de uma organização desportiva para com os seus adeptos, enquanto consumidores do espectáculo desportivo, diferentes stakeholders e competição.
Assim, não será de estranhar que se recorra á máxima de que se pode mudar de tudo menos de clube espelha bem este sentimento e esta atitude da sua legião de adeptos um pouco por todo o mundo.
Desta forma os diversos sectores devem contribuir para potencializar ao máximo o seu produto no mercado da indústria desportiva e do espectáculo, que por via do potencial dos seus recursos humanos (treinadores, jogadores) e da área da gestão (desportiva, financeira e do marketing e comunicação) terá ou não condições para levar a cabo um bom espectáculo desportivo, promover o clube junto dos adeptos, criar o comprometimento com os adeptos; venda de activos, procura e manutenção de patrocinadores; venda de bilhetes e de produtos de merchandising, direitos de transmissão televisiva entre outros.
A organização desportiva ou clube tem de assumir-se como uma marca, inserida num mercado, quer seja só o mercado nacional mas também há clubes que têm pretensões de ser reconhecidos num mercado mais global, que necessita de se diferenciar dos outros clubes, que tem um produto que quer vender, seja ele
aos seus sócios, adeptos, simpatizantes, patrocinadores, investidores, e é bom que esse produto se converta num espectáculo em que todos estes stakeholders sintam prazer, satisfação e vontade de voltar a disfrutar de mais momentos nomeadamente na ida a instalação desportiva para ver um jogo que não é mais que um evento que precisa de ser planeado e organizado para plena satisfação de todos.
Assim é fundamental que se compreenda o seguinte:
1 – É importante e saudável que exista forte concorrência;
2 – Gestão da competição de acordo com os interesses de todos;
3 – O equilíbrio na competição é importante;
4 – Incerteza dos resultados ajuda a captar adeptos e simpatizantes e atenção dos média;
5 – A importância dos adeptos com reflexo em diversas áreas tais como merchansing, venda de bilhetes, venda de produtos alimentares e bebidas;
6 - A comunicação com os adeptos e simpatizantes é fundamental;
7 – Capacidade de comunicação das organizações desportivas (clubes) e Liga/Federação;
8 – Campanhas de marketing das organizações desportivas (clubes) e Liga/Federação;
9 – Campanhas de responsabilidade social das organizações desportivas (clubes) e Liga/Federação;
10 – Perceber a mudança de hábitos dos adeptos;
11 – Evolução de outros desportos como por exemplo o eSports;
12 – Novos objectivos dos patrocinadores;
13 – A presença de novas tecnologias;
O que se passa em Portugal é difícil de compreender à luz dos princípios da Gestão Desportiva e do marketing e comunicação do desporto.
Raramente os clubes se colocam de acordo com as linhas orientadoras da competição, o que causa dificuldades de gestão do organismo que gere a modalidade.
Os clubes são catalogados de os três grandes, nos dois ou três outsiders e os outros clubes são o resto. Destes, só se fala se causam uma surpresa ao ganharem a um dos grandes ou quando jogam com eles.
Não seria do interesse comum dos clubes a defesa da imagem da competição, da valorização da competição, da necessidade do equilíbrio entre equipas e preocupação na segurança dos adeptos?
Será que podemos ir ao estádio e regressarmos a casa sem que algo nos aconteça a nós ou família ou acompanhantes?
Não seria do interesse de todos que a instalação desportiva seja como uma casa para o adepto e um lar para os atletas e treinadores, no fundo um ponto de encontro por forma a aumentar as receitas?
Então qual a razão de contrariarmos tudo o que é suposto ser feito?
Talvez se deva começar a reflectir sobre quem são os dirigentes desportivos e qual o seu percurso e traçar o seu perfil? São pessoas com passado desportivo? São antigos praticantes da modalidade? A que nível jogaram? Foram treinadores? De que nível? Qual a sua experiência como dirigente? São gestores de empresas? Com sucesso? Capazes de gerir equipas? As respostas a estas perguntas podem ajudar a traçar o perfil do dirigente desportivo e podermos agir ou ajudar em conformidade nomeadamente através de acções de formação ou até legislação sobre quem pode ser dirigente desportivo.
Criação de um plano de gestão desportiva, gestão do marketing e comunicação que permita a organização que gere a competição e os clubes:
- Afirmar a marca futebol português;
- Valorizar o campeonato português;
- Apostar na formação do jogador português;
- Formação efectiva do treinador português;
- Procurar que o futebol se torne um espectáculo para adeptos e simpatizantes;
- Levar o futebol aos jovens por forma a criar o espírito de adepto/consumidores do futuro;
- Proporcionar experiências positivas aos adeptos e simpatizantes;
- Fidelização de adeptos e simpatizantes;
- Captação de adeptos e simpatizantes;
- Criar uma comunidade de adeptos, que não necessariamente as claques;
- Comunicar com os adeptos: antes, durante e depois dos jogos;
- Os adeptos procuram novas experiências;
- Que tipo de informação é que estes procuram e qual é a que podemos dar;
- Ouvir a opinião dos adeptos;
- Criar valor para os adeptos;
- Criar valor para patrocinadores;
- Gerar retorno para os patrocinadores;
- Aumento de receitas;
- Instalações com qualidade;
- Instalações high tech;
- Temos que criar experiências memoráveis e a tecnologia pode contribuir para nos aproximar cada vez mais dos adeptos;
O que levará a uma:
- Confiança na organização desportiva;
- Lealdade;
- Vínculos mais duradouros;
- Procura de relacionamentos mais profundos;
- Falando a mesma linguagem;
- Experiências positivas para os adeptos e simpatizantes;
A implementação destas e de outras medidas é o desafio que qualquer organização desportiva tem pela frente assente na sua cultura, nos processos e talento e serão estes aspectos que contribuíram para o sucesso e diferenciação de uma qualquer organização desportiva.
O futuro não será por certo risonho se tudo continuar na mesma e passarmos uma esponja somente sobre o que aconteceu.
É visível que existem problemas ao nível educacional, social, económico e legal, e neste cenário é necessário uma nova atitude dos actuais actores, muitos deles referências de passados gloriosos, alguns outros com ideias muito valiosas para a melhoria das organizações desportivas e da competição, cabendo aos dirigentes procurar pontos comuns como forma de valorizarem o seu produto numa indústria desportiva onde o acesso a todo o tipo de conteúdos está à distância de um clik possibilitando ao adepto ver o que quer e quando quer no conforto do seu sofá e dessa forma não estar sujeito a más experiências ou ser sujeito a espancamentos e insultos.
Para isto, muito pode contribuir o “Placard” e outras empresas que através do desenvolvimento de um programa de responsabilidade social poderia ajudar a desenvolver melhores comportamentos dos adeptos e simpatizantes e contribuir para a formação dos jovens enquanto desportistas sejam eles praticantes de um desporto quer sejam eles adeptos de um desporto."
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