"Nos primeiros anos da década de 50, várias foram as campanhas pró-estádio.
A 11 de Fevereiro de 1954, o jornal O Benfica anunciou uma nova iniciativa da Comissão Central do Parque de Jogos para a construção do Estádio da Luz: a 'Campanha do Cimento'. Contou com a generosidade dos benfiquistas conseguindo nos primeiros instantes angariar '20 toneladas daquele produto'. O entusiasmo era enorme, todos queriam ajudar.
Na edição de 1 de Julho de 1954, O Benfica divulgou que os funcionários da fábrica de Luís Xavier tinham contribuído para a 'Campanha do Cimento'. O futebolista, que alinhou de 'águia ao peito' entre 1931 e 1939, com o final da carreira enveredou pela confecção, abrindo, juntamente com um sócio, uma fábrica de camisas, a Reivax Lda. A fábrica contava com oito funcionários, todos benfiquistas, que não resistiram ao apelo.
Dada a generosidade e o facto de haver em comum o amor pelo Benfica, os jornalistas resolveram entrevistá-los e perceber como tinha surgido a ideia. O mote foi dado pela engomadeira, Clotilde Paquete, que se dizia uma fervorosa adepta benfiquista. Como todos os amores, tinha os seus altos e baixos, era sócia, todavia admitia: 'Estive um tempo 'amuada' com o futebol; por isso me atrasei na quotização. Mas vou pôr-me em dia, que 'isto' já passou'. A sua ideia foi aceite por unanimidade dos trabalhadores da Reivax Lda. e decidiram 'dar um dia de trabalho para comprar cimento'.
Os repórteres aproveitaram para aferir se realmente eram todos apoiantes do Clube. Uma das costureiras, Piedade Franco, respondeu de forma bastante convicta: 'Ora, essa! Se o senhor visse como eu 'sofro' agarrada à telefonia', mas os mais resultados não chegavam para lhe tirar o apetite: 'Lá isso, não! Fico aborrecida... mas paciência (...). O que interessa, por agora, é dar ao nosso clube o estádio de que ele precisa'. Era esse o grande objectivo tanto dos funcionários como dos seus familiares, como afirmou Maria Emília de Oliveira: 'O meu noivo (...) recebeu com alvoroço esta ideia e encorajou-me logo a que contribuísse'. A atitude deixou Luís Xavier radiante, confessando, à sua maneira, que estava num 'alegrão doido'.
O sentimento foi transversal a todos os adeptos benfiquistas, que colaboraram nesta e noutras campanhas a favor do Clube, sempre com enorme adesão. Para tal, em muito contribuiu o jornal O Benfica como meio de divulgação e reforçando o entusiasmo a cada edição.
Saiba mais sobre o periódico na exposição Jornal O Benfica - 75 anos de Missão, no Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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