"A um dia do clássico continua o ping-pong de comunicados entre FC Porto e Benfica a propósito dos bilhetes. Sem querer desvalorizar aquilo que, por razões que se prendem com o direito à segurança (e como dever de garanti-la...) de todos os que vão demandar a Luz no próximo sábado, se torna manifestamente relevante, não posso deixar de lamentar que essa circunstância faça empalidecer aquilo que é a alegria do povo, o futebol que se joga dentro das quatro linhas.
Por esta hora só devia falar-se das eventuais dúvidas tácticas de Rui Vitória - deve ou não reforçar o meio-campo? - e de Nuno Espírito Santo - valerá a pena jogar com dois alas, ou é melhor manter a dupla André Silva/Soares?; ou do duelo de gerações entre Ederson e Casillas, Nélson Semedo e Maxi Pereira e Jonas André Silva; ou até, porque tem a ver com o que se passa em campo, da nomeação de Carlos Xistra para a direcção da partida; ou ainda da condição física de Lindelof, Eliseu e Soares; e até de todas as projecções que podem ser feitas, com base nas três hipóteses de resultado.
Tanta coisa interessante para uma questão que não tem a ver com o jogo propriamente dito, mas que assume relevância por tratar de segurança das pessoas. Há muito que o lançamento de um grande clássico não era, de forma tão gritante, inquinado e poluído por discussões ad latere. Mas é este o clima que está gerado e que não deverá conhecer desanuviamento significativo nos tempos mais próximos. Há uns anos pensou-se que estariam identificados alguns sinais de détente. No entanto, há que reconhecê-lo, foi apenas falso alarme..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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