"Silêncio absoluto. Nem um sussurro. Parece que até as moscas poisaram. Toda a natureza também. Silêncio assim só os mortos fazem. E no entanto, há mais de 50 mil pessoas ali. São 50 mil corações a bater, mas que não se ouvem.
Em Chapecó, Brasil, sim, a batida cardíaca é sonora. Não se ouve aqui. Mas «ouve-se» em gestos. Lágrimas e soluços, pelas imagens que chegam.
Morreram muitos. Famílias foram ceifadas. Morreram futebolistas. E técnicos. E dirigentes. E a tripulação. E jornalistas.
Sobre estes, não consigo acrescentar mais nada ao que disse Galvão Bueno (ao meio no vídeo).
As palmas. Na hora da morte, sempre as entendi como elogio ao que de bom se fez vivo. Aplaudir Amália por uma última vez, por exemplo. Fazia sentido por quem foi. Não há maior homenagem a um artista do que um público em palmas. Acho que na Globo foi a maneira de dizerem: «Obrigado por tudo o que nos deram.» A vida, infelizmente, estava incluída.
Mas há o outro lado. E creio que todos eles, os que ali aplaudiram, tiveram um momento de recolha. De silêncio, portanto.
Silêncio, que é coisa grandiosa. Porque nele só há reflexão. E o pensamento é a maior das qualidades humanas. Transmiti-lo, já depende.
«Tragédia é esse jornal nacional da Globo».
Apenas um de muitos comentários que obrigaram quem publicou o vídeo acima a retirar o direito à opinião. E eu defendo o direito à opinião como nada. Mas aquilo opinião não é. É desrespeito.
Morre gente todos os dias. Morreram muitos na segunda-feira em Medellín. Os americanos dizem-no muitas vezes: «Nada é certo a não ser a morte e os impostos.»
E a estupidez humana.
A grandeza de ficar calado vai muito para além do silêncio coletivo dos tais 50 mil...
... e deviamos tentar ser grandes todos os dias.
Num estádio, entre uma multidão, ou atrás de um teclado, sozinho, mesmo que ninguém veja a nossa grandeza."
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