"«Nasci benfiquista, fiz-me homem ao serviço do Benfica e desejo manter-me no seu seio até ao ponto a que as forças me chegaram»
Quem diria que o simpático motorista da velha Samua - o emblemático e sofisticado autocarro do Benfica nos anos 50 - tinha sido, também ele, um aguerrido futebolista do Clube?
Foi nos campos pelados dos anos 30 que João Correia ganhou a sua alcunha de 'Cabo-de-Faca'. Certo dia confidenciou o porquê dessa alcunha: 'É que quando jogava futebol eu era magríssimo, pois pesava apenas 58 quilos. O público por isso começou a chamar-me «Cabo-de-Faca» (...) Mas eu nunca me importei porque, enfim, antes chamarem-me isso do que outra coisa pior'.
Entre 1930 e 1939, jogou nove temporadas de águia ao peito, mas o seu grande amor pelo Clube vinha desde os seus 14 anos. Foi no Benfica que deu os primeiros pontapés a sério numa bola e durante os anos seguintes ascendeu gradualmente às diversas categorias até que, aos 19 anos, se estreou na equipa principal. Aos 28 anos, saiu para ir jogar no Sacavanense, mas o amor ao clube do seu coração falou mais forte e tornou-se jogador do Sport Lisboa e Saudade.
Quando o Benfica adquiriu o primeiro autocarro, surgiu então o convite para ser seu condutor, ao qual João Correira acedeu afirmativamente sem vacilar por um único momento. Assim, o nosso amigo trocou o seu equipamento desportivo por uma vistosa farda azul-cinzenta que envergava com todo o orgulho e devoção. Teria o 'Cabo-de-Faca' estranhado inicialmente esta sua nova fase da vida? Não cremos. Especialmente quando falamos de um homem cujo ideal era, mais do que tudo, ser prestável e servir o seu clube. O Benfica tem destas curiosidades, talvez porque mais do que um Clube é uma paixão que não se explica. João Correira que o diga!
Mais histórias sobre esta e outras figuras podem ser encontradas no Museu Benfica - Cosme Damião."
Ricardo Ferreira, in O Benfica
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