"A melhor era do desporto é mesmo o século XXI
No meu tempo é que era.
No meu tempo é que era.
Agora não custa nada.
Antes é que era bom.
Deixei de ver desde que.
Já não tem piada.
É um negócio.
Parece que não é igual.
Está demasiado científico.
Perdeu emoção.
Já não me desperta interesse.
Saudosos tempos do senhor fulano.
Não é mau, mas lembras-te daquele?
Ainda tem de comer muita sopa para lhe chegar aos calcanhares.
O paradoxo mais exemplar da língua portuguesa é aquele que diz que só estamos bem a queixar-nos. Desconfiar, relativizar, criticar, apontar, recordar. Tudo junto ou misturado, vai dar ao mesmo.
O povo da saudade vive de saudades.
Num espaço como este, que vive de recordações, não é intenção inverter a lógica e fechar a sete chaves a história. O passado tem sempre espaço. O que já fomos serve de alicerce ao que vamos ser. Ao nosso caminho, como diria Rui Vitória. Aos nossos pilares, como diria Nuno Espírito Santo. Mas, no fundo, vale pouco mais do que peaners, como diria Jorge Jesus.
São páginas viradas a que nos agarramos por nos lembrarem tempos que não voltam. E com esta encerro a filosofia barata.
Vamos ao desporto.
Tudo isto para deixar a ideia que serve de mote a esta crónica: somos uns privilegiados. Desportivamente falando. Nem falo de Portugal, falo do mundo. Assim, todo de uma vez.
Para quê chorar por Maradona ou Pelé, que dominaram sozinhos, quando temos Messi e Ronaldo a fazer cair todos os recordes na maior rivalidade individual da história do futebol? Ainda não tinham visto por esse prisma? Habituem-se, será o que as gerações futuras vão lamentar não ter visto.
Michael Jordan à parte, acredito que a esmagadora maioria dos melhores de sempre nas suas áreas competiram no século XXI. Nunca houve outro Roger Federer. Usain Bolt é o maior monstro da velocidade. Querem mesmo falar de Michael Phelps?
Se vamos para os motores, sabemos que nunca ninguém dominou como Michael Schumacher, com Sebastian Vettel, assim a Ferrari renasça, muito a tempo de lá chegar. Como Sebastien Loeb, com Sebastien Ogier, assim se mantenha na Volkswagen, muito a tempo de lá chegar. Como Valentino Rossi, claro. E será que Marc Marquez não chega lá?
Sozinho ou com as mesmas ajudas dos outros, nunca vi um ciclista tão impressionante como Lance Armstrong. Se vi, chama-se Chris Froome e o tempo vai dar-me razão.
O tempo que Simone Biles tem pela frente para colar-se a Nadia Comaneci no trono da ginástica. O tempo que Renaud Laillenie, gostem os brasileiros ou não, já teve para bater o recorde de Sergey Bubka no salto com vara.
Recentemente surgiu um estudo que indicava que o homem está muito perto de atingir o limite. Que os recordes mundiais já roçam o humanamente possível e que em breve poderão ficar inalcançáveis.
Este é, por isso, o tempo de aproveitar o privilégio que é saborear esta era do desporto. A verdade é uma: ainda há heróis. E competem hoje.
Não se queixem, aproveitem."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!