"Os mais recentes adeptos do Bayern em Portugal deveriam preocupar-se com o percurso europeu das suas equipas...
Depois de mais uma paragem para os jogos de preparação das selecções, e com o regresso do campeonato já amanhã, o mais importante, neste momento, é ganhar ao Braga... porque ainda faltam... 7 finais!!! Tão pouco e tanto!
Depois de mais uma paragem para os jogos de preparação das selecções, e com o regresso do campeonato já amanhã, o mais importante, neste momento, é ganhar ao Braga... porque ainda faltam... 7 finais!!! Tão pouco e tanto!
Enquanto isso não acontece, falemos de... campeões. Ou melhor, das últimas incidências da Liga dos Campeões.
O sorteio
Ditou-nos a sorte do sorteio, nos quartos de final da Liga dos Campeões, o Bayern de Munique. Não teria sido a minha escolha, confesso. Ainda assim, não posso deixar de reparar nas sortes e nos destinos das restantes seis melhores equipas da Europa.
Curiosidades - ou meras casualidades - de mais um sorteio: Wolfsburg-Real Madrid; Barcelona-Atlético; e Paris SG-Manchester City.
Foi com alguma surpresa (ou talvez não) que o mundo futebolístico constatou que as equipas teoricamente mais fortes - teoricamente apenas, uma vez que a força em campo também se mede da forma como se encara e assume o jogo ou, neste caso, a eliminatória - enfrentarão equipas, a priori, mais fracas.
Todas, sem excepção!
De um lado, as actuais ditas potências do futebol europeu: Real Madrid, Barcelona, Paris SG e Bayern; contra os acessíveis Wolfsburg, Atlético, Manchester City e Benfica - sem que a ordem signifique, como é evidente, alguma graduação.
Como se de uma divisão exacta (e, diria, quase estratégica) se tratasse... Como se a UEFA idealizasse (e o sorteio lhe correspondesse) umas meias-finais com os actuais 4 clubes mais ricos da Europa (... e resguardasse o Manchester City para ser Campeão Europeu... com Pep Guardiola)!
A esse propósito, José Antunes de Sousa, no seu artigo da semana passada, na edição online deste jornal, aborda essa (in)feliz coincidência, referindo-se àquele que ainda hoje é uma das maiores polémicas do futebol nos últimos tempos - a famosa e já muito discutida «manipulação da sorte» nas competições europeias... (como fala, como poucos sabem, da atitude a assumir perante o desafio em concreto, que nos poderá «matar» ou levar à glória). As tais «oscilações de humor», como refere.
É verdade que muito se tem discutido sobre o tema e, consequentemente, sobre as técnicas (não) utilizadas... Há quem defenda uma certa climatização das bolas da sorte - umas mais quentes, outras mais frias - e/ou a existência de um pequeno relevo/realce na textura (senão mesmo ásperas). A acontecer, e a existirem, seriam oscilações bastante oportunas... Mas não vou entrar por aí... até porque não acredito nessas histórias!!!
Bayern-Benfica
Independentemente da nossa sorte e até das próprias curiosidades deste sorteio, interessa-nos apenas a eliminatória.
Dizem, por ai, que o objectivo do Benfica - como se tivessem legitimidade para definir alguma coisa - é não ser esmagado pela temível - só para eles - potência alemã.
Conversa... fiada!!!
Desde logo, os mais recentes adeptos do Bayern em Portugal - ironia do destino para alguns... - deveriam preocupar-se verdadeiramente, e em primeira instância, com o percurso europeu das suas equipas... ou, por outras palavras, com as respectivas eliminações precoces. Só aí lhes reconheceria legitimidade. Mas como já por cá não anda...
Relativamente àqueles que, pese embora sejam do Benfica, estão um tanto enquanto apreensivos... vamos lá deixar de ter medo! Porque só essa atitude significa ser do Benfica! Com a certeza de que não poderemos, nunca, ter uma reacção contrária, por mesquinha e infundada, numa tentativa de adivinhação, sob pena de - ainda que inconscientemente - interiorizarmos (e anteciparmos) um desfecho menos favorável.
Tenho para mim que a nossa continuidade na LC dependerá da nossa atitude e da nossa abordagem.
Não condicionemos, pois, a eliminatória. Com a consciência de que nos espera uma das equipas mais fortes da Europa... será, acima de tudo, uma questão de... acreditar!
Acreditar com muita força!
Até porque não há equipas invencíveis, por mais fortes que sejam (teoricamente). Aliás, se tivermos em atenção a realidade do futebol actual, antes de um jogo, mas sobretudo em campo, ninguém se considera a si próprio como verdadeiramente mais fraco. Nem poderia ser de outra maneira! Uma coisa é achar-se favorito, outra coisa - bem diferente - é achar-se mais forte.
Na última grande campanha do Benfica na LC, na época 2005/06, sob o comando de Ronald Koeman o Benfica foi eliminado pelo Barcelona, que viria a sagrar-se campeão europeu nessa temporada.
Apenas para relembrar esse feito, e o seu contexto, bem como outros plantéis desta vida. Tínhamos, então, Moreira, Quim, Rui Nereu, Moretto, Nélson, Anderson, Luisão, Alcides, Ricardo Rocha, Leo, Petit, Manuel Fernandes, Beto, Geovanni, Karagounis, Nuno Assis, Karyaka, Simão, Manduca, Robert, Mantorras, Nuno Gomes e Miccoli.
Com esse plantel - é verdade, com este mesmo - depois de termos ganho ao Manchester United, ainda na fase de grupos, eliminamos o Liverpool, campeão europeu em título, nos oitavos. E como me lembro do jogo em Liverpool, onde estive.
Certo é que uma década depois muito mudou no futebol mundial. Por isso, os factos mais antigos valem o que valem... ainda que, para a história, mas sobretudo para memória futura, fique a lição de que é tudo uma questão de querer... muito... e de crença!
Como diria Bélla Guttman (citado por José Antunes de Sousa, no artigo referido), a propósito do jogo com o Barcelona, em maio de 1961 «só pensamos em nós».
E será com base nesse pressuposto e numa fé inabalável, aos quais acrescerá a forte aposta na fórmula intemporal do sucesso: «raça, querer e ambição», que se disputará a eliminatória que se segue.
Disputar o jogo pelo jogo, olhos nos olhos, sem limites, com coragem e concentração. É só uma questão de... escolha! Tudo - ou quase tudo - se resume a acreditar no nosso valor e naquilo que somos capazes de fazer. Para que se possa voltar a fazer história, num momento de glória, e a construir um futuro de vitória. E para que na memória de todos fiquem mais duas grandes noites europeias. Um Benfica à conquista da Europa... à conquista do sonho europeu!
Ganhar a LC
Chamem-me (novamente) louco, o que quiserem, mas acredito que o Benfica poderá em breve vencer a LC, como há muito venho a referir. De facto, devemos ter em nós todos os sonhos do mundo, mas este meu sonho, que hoje em dia é, efectivamente, uma convicção, tem vários fundamentos.
Desde logo, tendo em atenção as actuais características do futebol; não é necessário ser o clube com maior poder financeiro e, por conseguinte, aquele que tem melhor plantel e respectiva estrutura e equipa técnica, para conquistar a LC.
Nas últimas três épocas as finais desta competição foram disputadas entre o Bayern e o Dortmund (2012/13), entre o Real de Madrid e o Atlético (2013/14) e entre o Barcelona e a Juventus (2014/15).
Independentemente dos vencedores dessas finais, a verdade é que, em três anos, equipas teoricamente mais fracas, como o Borussia Dortmund, o Atlético e a Juventus, que à partida não seriam favoritas, nem candidatas a um lugar na respectiva final, disputaram até ao fim a competição.
No caso particular da Juventus, tinha sido eliminada na época anterior (2013/14) pelo Benfica, nas meias-finais da Liga Europa.
Além disso, tendo ainda por base os finalistas da LC nessas três épocas, consultando o Football Money League da Deloitte, e considerando apenas as receitas dos clubes, para os devidos efeitos, uma vez que são as que nos permite mais facilmente perceber e comparar o desempenho financeiro dos mesmos, rapidamente nos apercebemos que cada vez mais têm capacidade para competir financeira e desportivamente, sobretudo com a aquisição de bons jogadores. Ora, relativamente à época 2012/13, o Bayern teve uma receita de 431.2 milhões de euros, contra os 256.2 milhões de euros do outro finalista, Dortmund. No que diz respeito à temporada 2013/14, o finalista Real Madrid teve uma receita de 549.5 milhões de euros, em contraposição com os 169.9 milhões de euros do Atlético! Por fim, em relação à época 2014/15, o Barcelona teve uma receita de 560.8 milhões de euros contra a também finalista Juventus, que alcançou os 323.9 milhões de euros.
Tais números revelam diferença, por regra, abissal entre os finalistas da LC, o que demonstra que também os clubes com menores receitas têm capacidade financeira e desportiva para disputar uma final e um dia poder vencer a competição. Além disso, esses números revelam ainda que o clube com maior receita de há uns anos a esta parte, o Real, quase nunca está presente na final, como, teoricamente, seria a sua obrigação. Assim, não obstante as receitas comerciais e os direitos de transmissão terem crescente importância para os clubes, e contrariando um pouco a tese de Pitágoras, nem sempre «os números governam o mundo»... ou a LC, neste caso.
Face a essa factualidade, e no que ao Benfica diz respeito, acredito que poderemos, um dia, voltar a ser Campeões Europeus! Com a certeza, também, de que se não for este ano (talvez... o mais provável, apesar do meu optimismo militante), será numa das próximas épocas.
Ganhar ao Braga
Tudo isto vale o que vale. Porque, hoje, e até amanhã, só uma coisa me importa: vencer o jogo mais importante da época. Contra o Braga. Porque esse é uma das 7 finais que nos faltam disputar para sermos tricampeões. Se entrarmos em campo a pensar em Munique, perderemos, como se costuma dizer pau e bola. Teremos tempo para isso.
Por isso e por agora, só podemos ter um único pensamento, um único objectivo: ganhar ao Braga.
VAMOS A ISSO, BENFICA???"
Rui Gomes da Silva, in A Bola