"Muitos já terão visto o momento do França-Alemanha em que uma das bombas explode à porta do Stade de France. Evra, que conduz a bola, no seu meio campo, faz um ar de espanto, que se transforma numa expressão de um certo desdém, para logo depois atrasar a bola. O jogo prossegue e a França acaba por sair vitoriosa. Hoje, o resultado não importa, o que não quer dizer que o jogo não tenha sido relevante. Pelo contrário.
Tendo em conta o que se sabia estar a acontecer, pode ter sido tentador interromper a partida ou até cancelar os jogos de selecções no dia seguinte. Teria sido um erro. Se houve uma intenção clara nos atentados foi impedir que desfrutemos em conjunto do prazer de ver um jogo de futebol num estádio, de assistir a um concerto de rock numa sala irrespirável ou que nos juntemos, homens e mulheres, a beber uns copos.
É um daqueles casos em que a vida pode aprender como desporto. No futebol, o melhor que uma equipa pode fazer se quiser ajudar o adversário é adaptar o seu sistema de jogo. Com o terrorismo não é diferente: não há pior sinal do que ceder a quem se rege pelo culto bárbaro da morte.
Podemos, como o Evra, por momentos atrasar a bola; só que, logo depois, com a mesma expressão do francês, resta-nos voltar a atacar e impor a superioridade do nosso modelo de jogo: encher estádios, beber álcool e gostar de rock' n roll. Prazeres que o fanatismo religioso veda a alguns; mas que fazem parte do culto da alegria, um dos alicerces da nossa civilização."
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