"Este meu pontapé-de-saída é em redor de outros pontapés, mais ou menos literários, mais ou menos teatrais. Refiro-me à expressão pontapés na gramática que é considerada ofensiva. Se fosse defensiva melhor seria dizer contrapés na gramática. Ou, ainda, se fosse culposa e objecto de penalização, talvez se pudesse falar de mão na gramática. É uma expressão que junta futebol e linguística. Há quem seja melhor na gramática dos pontapés de que nos pontapés na gramática. E, pelo que vi nos últimos dias, há quem, acima de qualquer suspeita, se considere num estádio superior no mundo dos pontapés e da gramática. Ou seja, conciliando em pleno a gramática do futebol e o futebol da gramática.
Sabemos que a gramática também tem a ver com as orações bem divididas e educadas. Nestas, o sujeito é fundamental. Mas o predicado é indispensável. Assim como os complementos, atributos e apostos ou continuados.
Alguém escreveu que a discrição é a gramática da boa linguagem, que se aprende com o uso. Por isso, há outras gramáticas na vida, como a gramática da civilidade. E nesta, quantas vezes um analfabeto é melhor professor do que um catedrático. Nem sempre o problema está na gramática propriamente dita. Pode estar, mais acentuadamente, na dialéctica, na lógica, na retórica e na oratória. De que alguns se alimentam freneticamente para manter a gramática (de outros) numa posição dramática.
P.S. Parece-me que ele é íntimo com D'Artagnan é gramaticalmente inadequado. Em vez de íntimo com D'Artagnan deve dizer-se íntimo de D'Artagnan ou que tem um contacto íntimo com D'Artagnan... No melhor pano caí a nódoa."
Bagão Félix, in A Bola
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