"Morreu Guilherme Espírito Santo. Morreu um Amigo meu, alguém com quem privei horas de convívio deleitoso, alguém que aprendi a respeitar como personalidade vertical e umas das maiores referências do historial centenário do nosso Benfica.
Sobre o Espírito Santo, um dia, escrevi longa prosa, cujo trecho final aqui reproduzo, em jeito de homenagem. 'Ele não é uma curiosidade arqueológica, é actualidade. Episodiou a história do Clube, foi apóstolo de um Benfica novo. Projectou também novas luzes sobre o futebol. Fonte de alimentação do ataque, coleccionou golos, títulos, presenças internacionais. Instalou-se no sonho do povo ou não tivesse inventado o futuro'.
E aquele episódio, corria o ano de 1947? A comitiva vermelha chegou ao Funchal para disputar um embate com o Marítimo. Na véspera, quando deu entrada numa unidade hoteleira, o responsável dessa estrutura atirou com 'o negro não pode dormir no hotel, tem que ficar no anexo'. De imediato, gerou-se indignação. Ainda assim, o mandante mostrou-se inamovível. O que fizeram os jogadores do Glorioso? Solidários com Espírito Santo, foram todos pernoitar na arrecadação. Nesse dia, dia histórico, o Benfica venceu o racismo. Venceu de raiva, vencer de goleada.
Espírito Santo, a Pérola Negra, ademais, era um excelente companheiro, um intérprete fiel da causa benfiquista. Mereceu, redobradamente, o gesto amistoso e ternurento dos colegas. Agora, que deixou o mundo dos vivos, merece a glória perene de todo o universo rubro."
João Malheiro, in O Benfica
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