"É outra vez a palhaçada do costume. Tendo terminado há dias o prazo para que os clubes das competições profissionais de futebol apresentassem os comprovativos da regularização dos pagamentos dos jogadores, continua a sobrar o silêncio oficial sobre o assunto.
Seis meses depois de iniciada a época desportiva, o que aconteceu em julho último, são conhecidos vários casos de incumprimento em qualquer das divisões tuteladas pela Liga. Não vale a pena citar nomes, o povo do futebol conhece-os, alguns são tão repetitivos quanto o badalo da Torre dos Clérigos, mas, nestas alturas, como que por milagre, os gabinetes lá vão conseguindo as necessárias assinaturas para scapar à malha legal, que prevê perda de pontos.
A palhaçada está bem tipificada: jogadores e outras entidades declaram sob juramento de honra que nada lhes é devido, recebem em troca cheques pré-datados (quanto isso...) e toda a gente fica bem na fotografia. Até a Liga. Porque é Natal e ninguém quer bolo-rei estragado.
Há ordenados em atraso na Liga e na 2.ª Liga. Infelizmente, em seis meses possíveis, há quem tenha apenas visto um ou dois recibos mensais depositados na conta. De norte a sul, do interior à orla marítima, uma mão cheia não basta para albergar os clubes caloteiros. Mas, perante o notário, está tudo bem e recomenda-se. O que a Liga agradece, sem se dar ao trabalho de investigar, de recolher outros testemunhos e... esclarecimentos.
Esta é talvez a maior mentira do nosso futebol. E, pelo visto, tem pernas para muitas maratonas e pulmão vitalício à prova da Lei.
A Liga, que já pouco representa nas estruturas do jogo, e que por esse motivo se deveria centrar nas questões de fundo, continua com a obsessiva tentação dos inexistentes milhões dos direitos de transmissão televisiva e não quer saber se os documentos recebidos estão em conformidade. Nada mais interessa. O resto está blindado pela corporação patronal e não passa para o contencioso.
Mas não haverá uma forma de acabar esta palhaçada?!..."
Paulo Montes, in A Bola
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