"Hoje, 31 de Outubro, é o Dia Mundial da Poupança. Confesso que não sou muito dado a comemorações de dias certas. Não pelo seu significado, mas pelo ritual formal e mecânico que adquirem. A celebração quase compulsiva de tantas efemérides comporta o perigo de a forma se superiorizar ao conteúdo. A proliferação de dias nacionais ou mundiais tem o mesmo efeito da inflação em relação à moeda: de tanto excesso, desvaloriza-se a valor.
Mas, olhando agora para a bola (que não A BOLA), a poupança assume maior importância nos tempos difíceis que atravessamos. Em primeiro lugar, poupando-se nas palavras (feitas) que nada resolvem e tudo baralham, numa atmosfera em que «não se poupam críticas» por tudo e por nada e em que, ao invés e encomiasticamente, « não se poupam elogios» a um golo por acaso ou a uma defesa por instinto, como sói dizer-se.
Poupar significa, acima de tudo, renunciar a gastar hoje para consumir amanhã. Isto é, usar o tempo para disciplinar a paciência, promover uma cultura de responsabilidade e uma estratégia assente em pilares seguros. Por outras palavras, poupar é uma atitude aliada do médio e longo prazos e adversária do imediato, do efémero e do ilusório.
A poupança é irmã gémea do investimento reprodutivo reprodutivo. Sobretudo nas pessoas. E em particular na formação. De desportistas como pessoas e de pessoas como desportistas.
Por fim, poupar implica olhar para a crise que crescentemente se vai sentindo no futebol e virar de agulha no até agora normal desiquilíbrio económico e fardo financeiro. O que implica separar o trigo do joio e perscrutar para além da ilusão do dia seguinte."
Bagão Félix, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!