"Judas é um escroque. Um personagem sujo, de vão de escada. Agora imaginem o Lambe-Botas-do-Judas... Esse então é digno de vómitos, de tal forma nos revolta o estômago. Vai louvaminhando, em voz sibilante: «Sr. Judas, genial!» E o Judas gosta, porque se alimenta desta porcarias O Judas saiu da sombra por momentos e especou-se à saída do túnel. Queria ser visto, fotografado, filmado. O Judas é tão vaidoso como falso. Esperou, velhaco, pelo avanço das vítimas. Atrás dele, escorrendo baba da boca porca, o Lambe-Botas-do-Judas murmurava encantado: «Genial, sr. Judas, genial!»
Depois o Judas beijou-os, um a um. Sebento, esfregou-se-lhes nos pescoços, deixando implícito o seu cheiro azedo a algo que apodrece. Uns ficaram felizes: deram-se ao beijo, como se dele sentissem saudades.
Outros ficaram envergonhados: submeteram-se ao beijo como se a isso fossem obrigados. Nesse momento do ósculo, o Judas traçou-lhes o futuro imediato. Uma maldição barata caíu-lhe em cima. A vitória transformou-se numa miragem que se desfazia ao mais leve estender de braço. O Judas é mesmo assim: tem peçonha. Peçonha no abraço e no beijo. Quem encomendou os beijos de Judas? Alguém com muita maldade por dentro. Talvez ele próprio...
PS - Era uma vez um banco que decidiu fazer uns anúncios nos quais três jogadores saltavam do banco de suplentes para resolver os respectivos jogos. Um era do Sporting e marcava dois golos ao seu Gil Vicente; outro era do FC Porto e marcava um golo ao Salgueiros; finalmente, o terceiro era do Benfica e marcava dois golos ao FC Porto. Todos os dias continuo a ver os golos ao Gil Vicente e ao Salgueiros. E os marcados ao FC Porto? Têm-nos visto por aí?"
Afonso de Melo, in O Benfica
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