"Às vezes sinto uma necessidade extrema de me afastar da gritaria nacional das contratações e vendas para me questionar sobre algumas das coisas que julgo serem pertinentes e contrárias à ideia de uma verdade desportiva neste futebol português. Há de facto questões que a ninguém parecem incomodar e a que poucos se darão ao cuidado de procurar resposta. Aqui deixo algumas dessas minhas apreensões:
Podem um clube ou uma SAD ser oficialmente administrados por empresários de jogadores encartados pela FPF, ainda que essa gestão seja feita sob tutela de um qualquer investidor que aceitou dar a cara por um projecto negocial atractivo?
Podem um clube ou uma SAD ser devedores de alguns ordenados aos seus profissionais e, ainda assim, liquidar os meses de Julho e Agosto, ficando, apesar de tudo, e em falta, os de Abril, maio e Junho, para dessa forma conseguir inscrever novos contractos na Liga?
Podem os dirigentes de clube ou SAD, quaisquer que sejam as suas funções nessas colectividades, requerer, manter e impor os serviços especializados de agentes e comissionistas a quem estão maritalmente ligados, mas sem dessa actividade informarem os seus sócios e accionistas?
Podem um clube ou SAD eleger democraticamente os seus corpos gerentes mas continuar a depender dos parceiros/ordens do autarca da cidade e, por consequência, verem-se de repente nas mãos de um conhecido agente que decide investir num entreposto de jogadores nessa região?
Pode um campeonato profissional ficar entregue a uma entidade exclusiva que das imagens dos jogos está à vontade para difundir o que muito bem lhe aprouver, em função dos seus interesses comerciais, editoriais ou meramente estratégicos?
Poder, parece que até podem. Mas acho que não deviam."
Paulo Montes, in A Bola
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