"Humberto Coelho completa hoje, setenta anos de idade, o que para mim, que fui seu fã, porque era, de facto, um dos melhores defesas centrais do futebol europeu, traz a surpresa de tomar consciência de que o Humberto já deixou de jogar há largos anos. O problema é que os anos passa, mas quando a memória de cada um de nós se recorda de jogadores como o Humberto, o Eusébio, o Chalana, o Damas, o Hilário, o Baía, o João Pinto, o Futre, gente de enorme talento, perde-se a dimensão temporal.
O Humberto, com quem muitas vezes contactei como jornalista, teve duas virtudes essenciais para se ter tornado num histórico capitão de equipa do Benfica e da selecção nacional: uma inteligência invulgar no campo, capaz de ler o jogo, de o perceber e de o dominar em todos os sectores; e uma aptidão especial para uma liderança feita de autoridade natural.
Recordo um fim da tarde, após um daqueles jogos de verão, nos Estados Unidos, quando os jornalistas viajavam no autocarro das equipas, que, nos bancos de trás, um pequeno grupo de jogadores do Benfica brincava, em algazarra, com o grande jornalista de A Bola, Alfredo Farinha. Quando a brincadeira passou das marcas, o Humberto levantou-se do seu banco e deu uma tremenda reprimenda aos colegas, pedindo o respeito que era devido a um grande senhor. E, no autocarro, fez-se um respeitoso silêncio de igreja. Felizmente que o Humberto continuou, e certamente continuará por muitos anos, no futebol. Tal com ele diz na interessante entrevista ao Rogério Azevedo, deve muito ao futebol. Mas também é verdade que o futebol lhe deve muito."
Vítor Serpa, in A Bola
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