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terça-feira, 17 de março de 2020

Investir na defesa

"Pausas longas e por tempo indeterminado são também oportunidades únicas para reflexão. O universo do Benfica não é excepção. Quando pensamos no que correu mal desportivamente no que se disputou da temporada em curso, há um amplo consenso de que o problema principal da equipa está na forma como defende colectivamente. É óbvio que há uma palavra-chave nesta afirmação: colectivamente. Ou seja, o declínio acentuado do comportamento defensivo do Benfica não está apenas na defesa. Em todo caso, vale a pena reflectir sobre o que tem sido a política de contratações do Benfica para o sector recuado.
Com base nos dados disponíveis no Transfermark, comparei o número e o valor das contratações para o plantel principal ao longo de um década com o investimento feito no sector mais recuado (incluindo guarda-redes). Os números são claros: todos os anos o Benfica tem investido. Este ano, aliás, ultrapassou mesmo os 60 milhões de euros em idas ao mercado. A excepção é mesmo a época em que o Benfica abdicou do penta, na qual não se chegou aos 100 milhões em contratações - apesar de se terem batido recordes de receita (38 milhões).
O Benfica investe, mas parece existir uma directriz não escrita que determina que não se comprem defesas. Este ano, aliás, não gastou um euro que fosse num defesa para o plantel principal. Há uma explicação para a opção. Antes de tomar qualquer decisão, deve-se olhar para o Seixal. Se pensarmos na performance desportiva e no retorno financeiro, tem compensado: Lindelof, Semedo, Oblak, Ederson e David Luiz concluíram a sua formação no Benfica e foram casos de sucesso. O mesmo é verdade, agora com Rúben, Ferro e Grimaldo. E é isso que explica que o defesa mais caro que o Benfica contratou desse Roberto seja Morato (ainda um projecto de jogador).
O problema é que quando não há alternativas no Seixal, o Benfica fica paralisado e não compensa com idas ao mercado eficazes. É esse o panorama de dez anos de contratações para a defesa. Em 47 compras, penas dez jogadores tiveram utilização regular na equipa A. Não surpreende. Afinal, ao contrário do que acontece do meio-campo para a frente, em que o Benfica contrata demasiado, mas também investe em valores seguros, no sector recuado o padrão é outro. Desde 2015/16 que, com a excepção de Vlachodimos, o Benfica não contratou um único defesa que tenha contribuído para a equipa principal. A lista dá conta de um cenário aterrador-nomes irrelevantes e valores muito baixos, que denunciam falta de qualidade. Da leitura fica uma certeza - um Benfica hegemónico e competitivo na Europa obriga a um investimento na defesa que por motivos insondáveis não tem ocorrido."

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