"Quando a UEFA decidiu alargar o Campeonato da Europa de 2016 para 24 equipas houve quem tivesse torcido o nariz. Joachim Löw, então campeão do Mundo, foi um dos primeiros a manifestar desagrado. «Por vezes ficamos com a sensação que não se faz bem ao futebol. A qualidade sofre com isso», disse o alemão, há coisa de três anos.
Ironicamente, no dia em que os grupos para o próximo certame continental foram (parcialmente) sorteados, o mesmo Joachim Löw deixou um desabafo: «É isto que se recebe quando se ganha o grupo na qualificação.» A Alemanha tinha acabado de receber em sorte a campeã do Mundo França e o campeão da Europa Portugal.
Outro alemão, Joshua Kimmich, também fez questão de dizer que não concorda com as novas regras do sorteio, classificando-o de «estranho». Opiniões – sobretudo a de Löw – que esbarram numa certa contradição, que infelizmente não se reduz aos germânicos.
Ainda no dia do sorteio, numa televisão portuguesa, ouvi a mesma tese de que o alargamento retira qualidade ao torneio, porque permite a entrada de selecções teoricamente mais fracas, logo jogos mais pobres. Tudo bem, aceito. O que me espanta é que depois, de uma forma mais ou menos irónica, com receio da contradição, por certo, se critique a constelação que levou a este grupo.
Afinal queremos ou não queremos um Europeu – ou um Mundial, por exemplo – com os melhores jogos? Ou será esse apenas um discurso demagógico vedado a cada circunstância? Já nos habituamos a que no futebol do século XXI se fale muito, mas se diga pouco. Importante é alinhar pela corrente oposta, porque assim é sempre mais fácil parecer-se diferente.
Pela parte que me toca, este é um sorteio de encher o coração. É por jogos com a Alemanha, com a França, com a Inglaterra, com a Espanha ou com a Itália que esperamos dois anos, ou não é? Com 16, 24 ou 48 equipas, um Europeu ou um Mundial é o Evereste do futebol, a Meca de todos os adeptos, em que tudo é sonho e nada é menos do que isso. E porque nada é menos do que isso, paremos os lamentos e sublinhemos a vermelho as datas do próximo verão. Nunca mais chega… "
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