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quarta-feira, 17 de julho de 2019

O repto sincero de (...), dirigido a adeptos e jornalistas, a dirigentes e comentadores, a árbitros, treinadores e jogadores

""O futebol vive, cresce e valoriza-se com a atitude das pessoas", defende o ex-árbitro Duarte Gomes: "Não se permitam ser manipulados, não sejam conformados, não falem pela voz dos outros"

Diz-se que "repto" é uma provocação. Uma acção desafiadora. Uma forma de incitar alguém a fazer alguma coisa. Pois bem. Hoje tenho então um repto para vos lançar.
Um repto sincero, dirigido a adeptos e jornalistas, a dirigentes e comentadores, a árbitros, treinadores e jogadores. Na verdade, este é um repto ao futebol português.
Um repto que não tem limites nem fronteiras. Estende-se de norte a sul do país, dos regionais aos profissionais, dos mais jovens aos mais veteranos.
O desafio é simples e depende de cada um de vós. De cada um de nós.
- Vamos, todos, tentar estar no futebol de forma mais séria, elevada e respeitosa. Vamos participar no jogo com mais desportivismo, sinceridade e educação.
Deixemos estratégias colaterais de fora. Deixemos cartilhas de lado. Deixemos a parcialidade do lado de lá da cerca.
Nos dias de hoje, qualquer cidadão decente, bem formado e com valores, sabe ver (a milhas, acreditem) quem está neste fenómeno de forma transparente e honesta... e quem está nele com subterfúgios manhosos e esquemas duvidosos.
Não duvidem. Eles sabem. Nós sabemos. Mesmo quando fingem não perceber. Mesmo quando escolhemos não ver. Tudo, mas tudo é claro e óbvio aos olhos de quem tem genuinidade no coração e bondade na alma.
Fica então este desafio. Este apelo.
Façam por ser íntegros a toda a hora. Na vitória e na derrota, na alegria e na tristeza. Respeitem-se uns aos outros. Elogiem quem merece ser elogiado. Critiquem, com fundamento, quem merece ser criticado. Denunciem, sem receios, quem tem que ser denunciado.
Não alinhem em jogos menos claros, em manobras cinzentas, em esquemas suspeitos. Sejam iguais ao que são em vossas casas, junto de quem mais amam: ajam sem filtros. Sejam puros, verdadeiros, humanos.
O futebol vive, cresce e valoriza-se com a atitude das pessoas. De todas as pessoas que o alimentam lá dentro e cá fora. De todos nós.
Não se permitam ser manipulados, não sejam conformados, não falem pela voz dos outros. Joguem um jogo limpo. Saibam comportar-se com decência. Aprendam a usufruir de um espectáculo que tem na indefinição constante da natureza humana a sua mais perfeita imperfeição.
Os adeptos têm que ser o rosto evidente do entusiasmo maciço. O apoio que todos os outros precisam. A luz, a força, a garra de quem "dá a vida" por eles, dentro de campo. Com fair play. Muito fair play.
Os dirigentes têm que ser enormes. Gigantes enquanto pessoas. Inimitáveis na integridade e no carácter. São o cérebro de tudo e os cérebros têm que ser tão inteligentes quanto límpidos. Não vendam a alma ao diabo. Não entrem em jogos que não vos define. Não sejam poucochinho quando a alternativa é ser muito, muito grande.
Treinadores, jogadores e árbitros são os criadores da obra. Os geradores de todas as emoções, de todas as alegrias e desilusões. Dêem o vosso melhor. Suem, transpirem, morram pela camisola que vestem. Sejam imunes a histerias exteriores e a tentações inferiores. Sejam viris na relva e grandiosos fora dela.
Jornalistas e comentadores... honrem o código que abraçaram, o trabalho para o qual vos contrataram. Informem-se com exatidão, falem com fundamentação, critiquem com elevação. Não sejam marionetes de ninguém, porque isso torna-vos fantoches de todos. Sejam profissionais, independentes, consistentes. A ideia é servir os outros, não servir-se a si próprios.
Assumam esse compromisso convosco. Assumamos, todos, este código de honra. Para dentro e para fora. Para nós e para os outros.
A atitude de um somada à atitude dos outros resulta naquilo que todos mais desejamos para o jogo que tanto admiramos. Tornemos as coisas fáceis. Tornemos o jogo fantástico.
A grande mudança depende de cada um de nós.
Vamos começá-la antes que se faça tarde."

1 comentário:

  1. Um ex árbitro dessa época tão especial fazer um repto destes, é como um pedofilo fazer um repto para haver menos violações nas prisões...

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