"O Benfica chega ao 37.º título de campeão nacional numa fase de aparente recuperação da hegemonia do futebol português, depois de um longo período de domínio do FC Porto.
Bastará uma análise simples e objectiva para apoiar esta tese. Nos últimos 25 anos, o FC Porto venceu 14 campeonatos; o Benfica oito; o Sporting dois e o Boavista 1. Nos campeonatos do século XXI, já a diferença entre FC Porto e Benfica diminui consideravelmente: o FC Porto venceu 10, o Benfica 7, o Sporting e o Boavista 1, cada. Porém nos últimos seis campeonatos, o Benfica venceu 5 e o FC Porto apenas 1, título este conseguido na época passada e que veio interromper uma série de 4 campeonatos consecutivos do Benfica.
Parece, pois, haver por parte do Benfica um padrão sólido de reconquista, não apenas de um título de campeão nacional, mas de uma posição cimeira no futebol português.
A dúvida que, eventualmente, pode ainda subsistir advém do facto do FC Porto, esta época, ter chegado a ter o título nas mãos, especialmente na altura em que chegou a uma vantagem confortável de sete pontos, o que leva muitos analistas a admitir que o mérito do título deste ano, por parte do Benfica, assentou, também, no demérito do FC Porto.
Seja como for, este é o campeonato que consagrou as duplas. Em primeiro lugar, à frente de todas, a improvável dupla Vieira-Lage. A escolha do jovem treinador foi decisiva e, aí, o mérito começa, evidentemente, em quem o escolheu e em quem apostou num jovem sem experiência de futebol maior. Por causa desse jovem nasceram outras duplas determinantes: na defesa, Rúben-Ferro, no meio-campo, Gabriel-Samaris, na frente, João Félix-Seferovic.
Lage não foi, apenas, um factor essencial na mudança de estilo, de atitude competitiva, de consagração de um futebol com outro ritmo, com outra dinâmica e, sobretudo, com outra mentalidade; Lage foi, também, um atrevido sensato. Juntou a irreverência de um jovem ao conhecimento que só a maturidade parece poder proporcionar. Por isso, Lage descomplicou a vida difícil a que o Benfica parecia condenado. Não se acomodou a nomes, a idades, a estatutos. Trouxe juventude, inovou, transformou, diria que, por vezes, revolucionou e tudo isso sem perder identidade, sem perder unidade, sem perder a confiança do balneário.
Luís Filipe Vieira será o homem da mudança, o homem dos novos ventos da história do futebol nacional. Lage será o herói improvável que chegou num quadro generalizado de interrogações e dúvidas, assumiu a responsabilidade e virou a equipa do avesso, reinventando-a e levando-a a comportar-se como um verdadeiro campeão."
Vítor Serpa, in A Bola
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