"Hoje o Polvo das Antas aborda as ligações Torre das Antas - Minas Gerais/ Brasil (não, desta vez não nomearemos Calheiros)
Banco BMG - Banco envolvido no escândalo Mensalão em 2005, e que chegou a patrocinar 40 clubes no futebol brasileiro. Só na principal divisão brasileira chegou a patrocinar, ou teve participação, em jogadores de 12 clubes.
Tal influência permitiu que o Banco participasse directamente em diversas negociações de jogadores com os clubes seus parceiros. Vice-Presidente do Banco desde 1996, e CEO entre 2004 e 2013, e actual membro do Conselho de Administração, Ricardo Guimarães (ex-Presidente do Atlético-MG), criou o fundo BR Soccer em 2009, com registo na Comissão de Valores Mobiliários. Indirectamente passou a ter o controlo sobre o Coimbra Esporte Clube, da terceira divisão de Minas Gerais. O clube é propriedade da empresa Vevent Empreendimentos e Participações, que por sua vez é detida em 99.95% pelo fundo BR Soccer.
Interessante é o facto do fundo ter chegado a ter uma carteira com mais de uma centena de jogadores em 2013. Quanto ao clube, chegou-se ao cúmulo de em 2014 ter um maior valor em atletas do que clubes como Flamengo e Palmeiras. Nem sequer imaginamos a dor e sofrimento dos adeptos do Coimbra Esporte Clube ao constatarem que nenhum desses jogadores jogava no seu clube.
Ou seja, um clube que apenas disputava o Campeonato Mineiro e a Taça Belo Horizonte, em tempo recorde conseguiu o feito de ter mais activo que clubes que disputavam o Brasileirão e competições internacionais. Mais depressa angariaram milhões para adquirirem percentagens de passes de jogadores que uma página web.
No ano seguinte em 2015, a FIFA vetou a participação de terceiros em direitos de jogadores e deixaram de poder adquirir e vender direitos de atletas. De modo a contornar a proibição de partilha de passes de jogadores por terceiros o FC Porto e o Banco BMG, através do Coimbra Esporte Clube, começaram a fazer negociatas de jogadores de futebol.
E quem é o Presidente do Coimbra Esporte Clube?
Marcus Vinicius Fernandes Vieira, que é - por coincidência - sócio da Vevent e foi - também por coincidência - director jurídico do BMG. Como se isso não bastasse este chegou a defender o Banco BMG como advogado em diversas ocasiões.
Como entra o FC Porto no universo BMG?
O ponto de partida foi o Museu do clube, onde acabou por encaixar €8M através de um contrato de publicidade e naming, o que levaria Ricardo Guimarães a receber um valioso Dragão de Ouro em 2013, na categoria de Parceiro do Ano. Recordamos que Pinto da Costa e Ricardo Guimarães chegaram a inaugurar o museu com pompa e circunstância, no entanto sempre ficou a questão no ar, qual a razão pela qual o Banco de Minas Gerais decidiu investir tanto dinheiro no Clube se não tem qualquer actividade comercial em Portugal?
Vejamos o caso do jogador Otávio. Sabemos que o BMG adquiriu 50% do seu passe por cerca de 1.35M, além de 15% a um fundo japonês, perfazendo os 65% que o Coimbra Esporte Clube detinha do jogador. Em 2014 o FC Porto comprou 33% do seu passe, por 2,5M€. Mais tarde, e sem explicação a ninguém, a SAD cedeu 0.5% do seu passe. Não sabemos é a quem, nem por quanto.
Sabemos é que a transferência de Otávio teve o cunho de Adelino Caldeira e Reinaldo Teles como comprova o seu contrato. Importa ainda dizer que um dos representantes do BMG, no futebol, é o empresário Giuliano Bertolucci, que colocou no FC Porto jogadores como Éder Militão, Alex Telles, Felipe, Otávio, entre outros.
Isto tudo leva a concluir que a prospecção do Porto no mercado brasileiro é feita em conluio com o BMG/Giuliano Bertolucci. Segue-se um exercício muito simples.
Desde que existe o Porto B, até ao final de 2018, já foram contratados pelo menos 23 jogadores a clubes brasileiros. E desses 23 jogadores, quantos chegaram à equipa principal ? 1, tão e somente 1. Que jogador? O nosso caro e muito prezado Otávio, que entretanto já custou €7.5M por 68% do passe. Quase o mesmo que o patrocínio do BMG no Porto. Confuso, não acham? O BMG paga um patrocínio ao FC Porto, e este compra jogadores do catálogo do Banco, qual máquina de lavar?
Façamos uma conta muito simples. Quantos desses jogadores chegaram à equipa principal ? A resposta é desoladora, pois a percentagem de sucesso do Porto B em brasileiros foi de 4,34%.
Para que não restem dúvidas:
2012-13: Diogo Mateus, Víctor Luís, Anderson Santos, Guilherme Lopes, Sebá (via Cruzeiro), Dellatorre (via Desportivo Brasil/Traffic);
2014-15: Diego Carlos (via Desportivo Brasil fundado pela Traffic), Otávio, Roniel (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Anderson Dim;
2015-16: Rodrigo Soares (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport) e, Maurício (via Portimonense/Teodoro), Wellington Nascimento (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Ronan, Enrick Santos, Gleison (via Portimonense/Teodoro);
2016-17: Inácio (via Portimonense/Teodoro), Galeno (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport);
2017-18: Luizão, Danúbio (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Anderson Canhoto;
2018-19: Diego Landis (via Desportivo Brasil fundado pela Traffic), Emerson Souza e Ewerton Pereira (via Portimonense/Teodoro)
Que é feito destes jogadores?
- Guilherme Lopes por exemplo jogou 1 minutinho na Segunda Liga e acabou a carreira aos 24 anos
- Enrick Santos, infelizmente, ainda teve menos sucesso terminando a carreira prematuramente aos 20 anos de idade.
- Anderson Canhoto teve mais sorte e quando voltou ao Brasil foi jogar na quarta divisão.
- Anderson Dim seguiu viagem para Freamunde e depois para o Coimbra MG. Já mudou de profissão.
- Ronan depois de 2 grandes jogos pelo Porto B, passou pelo Tombense, Nova Iguaçu, Santa Cruz e Natal e Cabrofiense. Não participou sequer em 10 jogos nestes grandes clubes.
- Danúbio pertence atualmente ao Uberaba, tendo antes estado emprestado ao Estoril pelo Grémio Anápolis.
- Ewerton Pereira que chegou em 1 de Julho 2018 voltou para o Portimonense em 24 Julho 2018 por empréstimo e em Janeiro terminou o empréstimo, tendo ido para o Japão em 12 Janeiro 2019.
Concluindo, há miúdos que vêm passar uma temporada de férias a Portugal, com tudo pago, e depois voltam para o Brasil para se dedicarem à pesca. O Polvo das Antas pergunta:
- Porque é que não se fala da fraca aposta do Porto em jogadores jovens portugueses da sua formação?
- Haverá algum Banco no Mundo que patrocine clubes de futebol em países onde não exerça actividade, e negoceie passes de jogadores em grande número, à excepção do BMG? Quais as contrapartidas, sabendo que não há almoços grátis?
- É normal um Banco ter um acordo com um clube onde diz, e citamos, "toda e qualquer negociação envolvendo possíveis reforços para os portugueses no Brasil tem de passar pelo BMG"?
- Podemos colocar o BMG ao lado da Gestifute e Doyen, por exemplo?
Estas são perguntas às quais gostaríamos de ter respostas,e para quem tanto pugna pela verdade desportiva, certamente que não haverá problema em esclarecer estas situações. Não é necessário responder já, nós continuaremos aqui e não temos pressa.
Como não podia deixar de ser, brevemente teremos novidades."
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