"Dia de dérbi.
Quando este pensamento corre na cabeça de um adepto, a ideia trespassa-lhe o corpo em forma de arrepio.
O dérbi é o sobressalto dos que dormiam e insónia dos que não pregaram olho ainda.
Como diria Jardel, dérbi é dérbi e vice-versa. Explicando melhor, olhemos para o Fla-Flu como se víssemos o Eterno de Lisboa através do inigualável Nélson Rodrigues.
«Eu queria dizer que o Fla-Flu apaixona até os neutros. Ou por outra: diante do formidável clássico não há neutros, não há indiferentes. Há sujeitos que não gostam do Fluminense, não gostam do Flamengo, mas estão lá. Encontrei um desses, no último Fla-Flu. No intervalo, fui tomar um café. No caminho, vi o meu conhecido num canto, estrebuchante. E mais: babava na gravata. Aquilo me escandalizou: - 'Ô rapaz! Você não é Flamengo, não é Fluminense. Estás torcendo por quem?'. Arquejou: 'Torço contra os dois'. Mas torcia, o desgraçado...».
Cá ou no Brasil, um dérbi carrega com ele toda a ilusão do mundo, como Bruno Fernandes carrega, na bota direita, toda a esperança leonina, ou como os rapazes do Benfica sustentam o imaginário do adepto encarnado.
Até se podia dizer que este é um meio dérbi e que a outra metade ficou na Luz: num 2-1 favorável ao lado vermelho e branco de Lisboa, o que significa que uma igualdade agora chega-lhe. Mas este é um dérbi com mais de 27 mil dias, pois esse é o tempo que passa desde a última e única vez que a águia eliminou o leão, em território deste, para a prova rainha.
Visto pelo lado verde e branco da equação, há 75 anos, 9 meses e 20 dias que o Sporting não cai em casa, perante o rival para a Taça de Portugal (13-06-1943).
Um dia de dérbi é sempre especial. 27 mil dias, então, nem se imaginam...
Nunca mais é quarta-feira, diriam adeptos do Fla, do Flu e até adeptos dos outros."
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