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terça-feira, 2 de abril de 2019

O velocista que superou o tempo

"Tomás Paquete faz parte do restrito grupo de atletas que se manteve como um dos melhores, não se deixando afectar pelos anos

As provas de velocidade, para além do esforço físico imenso, obrigam a que os atletas sejam perfeitos a cada passada. A exigência faz com que as carreiras sejam curtas. Tomás Paquete foi a excepção à regra, mantendo-se como um dos melhores atletas de velocidade ao longo de 16 épocas. Contudo, esteve perto de desistir do atletismo.
Aos 16 anos participou na sua primeira prova de 80m. Apesar da pouca experiência, conseguiu terminar a prova em 9,5 segundos e apurou-se para a final. Não cabia em si de tanta alegria! Porém, a felicidade foi passageira, no final 'contraiu uma rotura na coxa esquerda'. A lesão desanimou-o: 'nem por sombras queria ouvir falar de atletismo'. Manteve-se afastado durante dois anos.
Decidiu regressar em 1942 e apresentou-se no Benfica com o objectivo de fazer parte da equipa dos 'encarnados', queria continuar a competir em velocidade. A sua compleição física criou dúvidas aos técnicos benfiquistas, que acharam que não seria bem-sucedido devido ao seu 'corpo franzino, ar gaiato e andar bamboleante'. Mas estavam totalmente enganados, Tomás Paquete acabou por convencer os treinadores e deslumbrou logo na sua primeira época no Clube. 'Comecei numa prova de 'estreantes' e cheguei à 'sénior' nesse mesmo ano, depois de ter feito parte da equipa de juniores que estabeleceu um novo máximo da estafeta de 3x100 metros - o meu primeiro 'record''. Seria o primeiro de muitos! Em 1946, surpreendeu ao fazer os 100m em 10,6 segundos, nova marca nacional. Ao longo da sua carreira estabeleceu 17 recordes.
Tomás Paquete representou Portugal por 12 vezes, nas quais participou em dois Campeonatos da Europa e nos Jogos Olímpicos de 1952. Em Helsínquia, o velocista não conquistou nenhuma medalha, mas a sua presença foi memorável, devido a um episódio caricato. Estava tudo a postos para a quinta eliminatória dos 100m, Tomás Paquete foi tirar o fato de treino, 'um tanto nervoso, porém, despiu precipitadamente as calças e juntamente, vieram também os calções e a própria 'trousse'! (...) Nas bancadas riu-se a bom rir'.
Paquete era em dúvida ímpar. Aos 35 anos, quando abandonou o atletismo, ainda corria os 100m em 11 segundos, a sua longevidade foi 'um caso excepcional e único no atletismo português'. A sua perseverança e talento tornaram-no num marco da modalidade na retina dos adeptos ficou a imagem da 'sua figura esguia, elegante e inconfundível, deslizar pelas pistas, a caminho da meta, triunfante'.
Saiba mais sobre as conquistas deste magnífico atleta na área 3 - Orgulho Ecléctico do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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