"Lamentou-se o papa, do alto da sua papada, que foi a Roma e não conseguiu (desta vez) ver o Papa. Agnóstico que sou, ir a Roma e não ver o Papa só será grave em termos de sintaxe, já que agudo não é. Não engraço com Papas nem papinhas, quando muito com o meu amigo Luís Papuço, uma figura de truz, como diria o Otto Lara de Resende
Percebo que numa fase em que resolveu colar nas costas umas asinhas angélicas de paladino da verdade no futebol em Portugal, ignorando tafularias de dezenas de anos a fio, o Papa da Madalena (haveria padroeira mais a propósito para noites quentes?) gostasse de ser abençoado pelo Papa da Santa Sé. Ao menos isso: todos coraríamos cardealmente de vergonha! Faz questão de ver o Papa sempre que vai a Roma e fazia questão de que eu entrasse num tribunal sempre que ia ao Porto.
Certa vez, perante um juizeco bajoujo e servil, fui acusado de dizer que o senhor Costa usava uma linguagem chocarreira. Crime! Certa testemunha, arrolada por lambe-botismo primário, não teve dúvidas: “Chocarreiro é linguagem de chocalhos e de cabras! Uma indecência!” O Papa, da sua crescente papada (a idade não perdoa), sorria beatífico. Dizem que sabe um poema de cor.
Pobre José Régio, que deve dar pinotes na cova sempre que ele regurgita aquela lengalenga canhestra. Jesuítico desde jovem, o Papa da Madalena não é, obviamente, obrigado a ser culto. E não é. Balbucia uma papagueada que o enegrece. Ao cântico, claro!
O seu discurso, por muito que o queiram classificar de ironicamente fino, limita-se a ser rústico, dentro do mínimo exigível a qualquer mamífero que caminhe sobre as patas traseiras, e foi isso que fez do homem um ser distinto. Todos sabemos que os Papas gostam de vestir labitas impecavelmente branquinhas. Este anda a lavar-se com sabão azul e branco. Mas, convenhamos, por mais que se esfregue não consegue tirar o sarro."
Priceless
ResponderEliminar